domingo, outubro 28, 2007

Os conflitos do Médio Oriente

"A guerra do Iraque demonstrou que os Estados Unidos não são capazes de resolver os grandes conflitos regionais.

É difícil, mas vamos discutir o Médio Oriente, esquecendo por um momento os Estados Unidos. De resto, vamos ter que nos habituar, porque Washington já começou a redefinir a sua estratégia na região. Ao mesmo tempo que o Presidente Bush anunciava a ida de mais vinte mil soldados para o Iraque, assistiu-se a iniciativas diplomáticas norte-americanas que indicam uma retirada a médio prazo. Esta aparente contradição é fácil de entender: dando a entender que se insiste na antiga estratégia, prepara-se com tranquilidade a nova. Além disso, por razões de prestígio e de influência, os Estados Unidos e o seu Presidente não poderiam ter outro comportamento. Até o Congresso, publicamente muito crítico da decisão, percebeu e não recusou os fundos para pagar o reforço das tropas no Iraque. A velha estratégia seria manter as tropas no Iraque até a situação no país estar estável. Por várias razões, esta estratégia tornou-se impossível e, antes do Verão de 2008, a maioria das tropas estarão de regresso a casa. Depois do adeus à promoção da democracia, a nova estratégia deriva da cínica, mas possivelmente mais segura, escola da ‘realpolitik’. Washington poderia estar a disposto a empenhar-se na construção de um regime estável e moderado no Iraque, agora não quer, nem poderia, resolver o conflito entre o radicalismo Xiita e o radicalismo Sunita, e entre estes e as forças mais moderadas, que se alastrou a toda a região, desde a Palestina até ao Irão. É aqui que somos obrigados a esquecer os Estados Unidos para entender o que se passa.

Há dois grandes conflitos na região. Em primeiro lugar, a luta pela hegemonia regional entre, de um lado, o Irão e, do outro, a Arábia Saudita e o Egipto, ajudados pela Jordânia (quando se refere a estes países como ”moderados”, não se está a referir à política interna, onde não há muita moderação, mas sim à política externa, no sentido em que são potências anti-revolucionárias, defensoras do ‘staus quo’). Neste conflito, a posição da Síria é importante para o equilíbrio de forças, por isso os mais fieis ao realismo político procuram separá-la do Irão e juntá-la à Arábia Saudita e ao Egipto, até agora sem sucesso. A posição do governo iraquiano, maioritariamente Xiita, também será crucial, e por isso está-se a assistir a um grande esforço para impedir que se alie a Teerão. Aqui, Washington tem um papel central. Em segundo lugar, há uma luta entre as forças revolucionárias e as forças anti-revolucionárias, o que torna estes conflitos mais complicados. Entre o lado anti-revolucionário, aos governos saudita, egípcio e jordano, junta-se o governo libanês, o governo iraquiano e o Presidente da Autoridade Palestiniana. Do lado revolucionário, estão o Irão, a Síria, o Hizbollah, e os seus aliados libaneses, o Hamas, e os vários grupos associados à al-Qaeda. Há claramente uma dimensão regional nestes conflitos e os que a negam estão errados. É mais ou menos claro que a guerra civil na Palestina e o agravamento da situação no Líbano resultam do aumento de poder do Irão. Aliás, muitos dos que recusam a ligação entre estes conflitos caiem numa contradição que se descobre rapidamente. Negam a dimensão regional quando pretendem criticar as teses norte-americanas da ”guerra contra o terrorismo”, mas depois apresentam a sua própria versão da dimensão regional, quando dizem que é necessário solucionar o problema palestiniano, para depois se resolver tudo o resto.

Resta saber qual dos dois conflitos irá prevalecer. Será o conflito político entre revolucionários e anti-revolucionários, ou o conflito religioso entre Sunitas e Xiitas? A resposta a esta questão, impossível de ter neste momento, irá determinar muitos dos alinhamentos políticos e estratégicos nos próximos anos. A guerra do Iraque demonstrou que os Estados Unidos não são capazes de resolver os grandes conflitos regionais. O mesmo se aplica a qualquer outra potência externa. Pela primeira vez, desde a queda do Império Otomano, serão os países e as forças políticas da região a decidirem os seus conflitos e o seu futuro. Os americanos e os europeus serão espectadores mais ou menos intervenientes, mas longe de serem decisivos. A nova estratégia será escolher e ajudar os aliados regionais e impedir que as ameaças da região cheguem ao Ocidente. Quanto ao resto, guerra, paz, natureza dos regimes, será decidido na região.
"

João Marques de Almeida

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não duvido que esses conflictos da região terão que ser resolvidos lá e por eles. Que vai dar sangue? Também não duvido. Que o Ocidente se envolva? Não!!!! Eles que se desenrasquem, que nós já temos chatices que cheguem com os que já se passaram para este lado.

domingo, outubro 28, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Bin Laden Admits Defeat in Iraq
October 27, 2007:

On October 22nd, Osama bin Laden admitted that al Qaeda had lost its war in Iraq. In an audiotape speech titled "Message to the people of Iraq," bin Laden complains of disunity and poor use of resources. He admits that al Qaeda made mistakes, and that all Sunni Arabs must unite to defeat the foreigners and Shia Moslems. What bin Laden is most upset about is the large number of Sunni Arab terrorists who have switched sides in Iraq. This has actually been going on for a while. Tribal leaders and warlords in the west (Anbar province) have been turning on terrorist groups, especially al Qaeda, for several years. While bin Laden appeals for unity, he shows only a superficial appreciation of what is actually going on in Iraq.


Mais em

http://www.strategypage.com/htmw/htwin/articles/20071027.aspx

Nada boas noticias para os eurabicos....

domingo, outubro 28, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Iranians study nuclear physics in Britain

Jack Grimston

http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/education/article2753498.ece#cid=OTC-RSS&attr=797093

THE Foreign Office has cleared dozens of Iranians to enter British universities to study advanced nuclear physics and other subjects with the potential to be applied to weapons of mass destruction.

In the past nine months about 60 Iranians have been admitted to study postgraduate courses deemed “proliferation-sensitive” by the security services. The disciplines range from nuclear physics to some areas of electrical and chemical engineering and microbiology.

Additionally, figures obtained by David Willetts, the shadow secretary for innovation, universities and skills, show that in 2005-06, 30 Iranians were doing postgraduate degrees in subjects covering nuclear physics and nuclear engineering.

The flow of Iranian scientists to Britain for training has caused alarm as the nuclear standoff between Iran and the West becomes increasingly tense. When confronted with the figures this weekend, the Foreign Office admitted that it was reviewing the vetting for sensitive areas of study and planned to announce an overhaul within the next few weeks to make procedures more rigorous...


Nice guys... the Brits.

domingo, outubro 28, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A POLITICAL row is threatening to break out over a Channel 4 drama depicting a young Muslim driven to become Britain’s first female suicide bomber.

The two-part film, Britz, to be shown on Wednesday and Thursday, tries to explain what could lead a second-generation Muslim to turn against the country of her birth.

Britz has been made by Peter Kosminsky, the director of the 2002 political drama The Project. It suggests that Britain’s foreign policy and draconian antiterror laws, particularly control orders which keep some suspects in effect under house arrest, have alienated Muslims.

The film has already irritated some ministers and moderate Muslims. Khurshid Ahmed, chairman of the British Muslim Forum, said: “A film which attempts to glamorise or rationalise the actions of suicide bombers has no place on our screens. Channel 4 should be working with us to defeat terrorism and extremism, not sowing hate and division in our communities and reinforcing negative stereotypes.

A government source said: “Having seen extracts from the film and heard Mr Kosminsky’s comments, we can understand the British Muslim Forum’s concerns. Given Channel 4’s remit as a public service broadcaster, they should listen to the views of moderate Muslims who reject violence and extremism, and they should air those views alongside this film.” Channel 4 described Britz “balanced” and “sensitive”.

http://entertainment.timesonline.co.uk/tol/arts_and_entertainment/tv_and_radio/article2753853.ece#cid=OTC-RSS&attr=797084

Uma amostra dos niveis do Politicamente Correcto que corroi a Europa.

Em Portugal tambem há merda desta.

domingo, outubro 28, 2007  

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