Políticos de verdade
"Os eleitores só deveriam entregar o poder a quem fosse exemplar nos seus valores e na condução dos seus actos.
O dever de qualquer político é ser um exemplo. E sê-lo-á quando os cidadãos, ao vê-lo passar, disserem dele: “ali vai um Homem exemplar”. De quantos políticos da actualidade conseguimos dizer isso?
Os eleitores só deveriam entregar o poder a quem fosse exemplar nos seus valores e na condução dos seus actos.
As sociedades organizam-se de forma cada vez mais complexa. A democracia constitui uma conquista e traduz, nos seus princípios, valores que dificilmente serão melhorados. Mas a democracia não é uma inevitabilidade. O homem tem milhões de anos. A democracia, aplicada de uma forma mais generalizada, não tem mais de 100 anos. Urge, por isso, defendê-la. E defendê-la significa colocar no poder homens e mulheres com convicções e valores tão sólidos que recuperem para a democracia o estatuto de ser a mais perfeita organização da sociedade. A Carta Universal dos Direitos do Homem é um documento produzido por grandes políticos. Do mesmo modo que os acordos de Camp David foram possíveis porque a chefiar os dois lados, antes em conflito, estavam dois homens de grande dimensão. E todos os outros exemplos do aperfeiçoamento humano e da organização dos homens em sociedade resultaram do trabalho de homens com valor e com dimensão de Estado. Foram estes homens que, chegados a lugares-chave, conceberam, aprovaram e legislaram a adopção das normas que asseguram a democracia. Hoje, os homens com esta dimensão são afastados ou impedidos de desempenhar os cargos de condução das sociedades. As posições de comando são detidas por pessoas em quem os eleitores não reconhecem verdadeiros líderes. Pessoas cujos debates traduzem o que são: um deserto sem ideias nem projectos. Debates que fazem lembrar os tempos da instrução primária, daqueles diálogos competitivos do género: “senhora professora, fui eu o primeiro…” ou “ senhora professora foi aquele menino que disse…”.
Diz-se muito, hoje, que, com a consolidação das democracias, a política está órfã de um projecto. Muito se enganam os que dizem isso. Os grandes políticos foram decisivos na implementação das democracias, da igualdade entre os homens, do respeito pela liberdade, da tolerância, que não seja frouxa, e da solidariedade. Digo tolerância que não seja frouxa porque a tolerância acaba no momento em que pretendam derrubar a nossa liberdade. Este é um princípio que é fundamental manter presente, neste período em que as mentes andam muito confusas.
Diz-se, então, que conquistada a democracia e o respeito pelos direitos humanos a política deixou de ter um grande desígnio e passou a ser uma mera actividade de gestão da rez pública. Repito: muito se engana quem o diz. É que a democracia e os direitos humanos pressupõe a existência de vida. E a vida humana nunca esteve em risco como hoje está. Conquistamos a democracia, a liberdade, o respeito pelos direitos humanos, conseguimos o desenvolvimento tecnológico, libertamos povos oprimidos, mas hoje estamos confrontados com um risco terrível, que só pode ser controlado e vencido se estiverem homens com dimensão de Estado e visão universal no comando das sociedades. O risco, hoje, não resulta tanto do confronto entre regimes totalitários e democráticos (embora o risco de retorno exista – para defendermos a democracia não podemos continuar a eleger pessoas cuja prática faça os cidadãos sentirem saudades de outros regimes). O risco, hoje, é o do desaparecimento das condições de vida sobre o planeta, devido a uma sobrexploração dos seus recursos, não apenas dos recursos que constituem as matérias-primas da produção mas, fundamentalmente, dos recursos que suportam a vida, como, por exemplo, a água, o ar, ou o ozono. De que valeriam a democracia e os direitos humanos se não houvesse água potável, ar para respirar ou se o sol de benéfico passasse a destruir a vida. De que serviriam as nossas conquistas se permitíssemos que a humanidade se autodestruísse? Garantir as condições de vida da humanidade e a manutenção da espécie: será este um projecto menor do que o foi a conquista da democracia? Porque continuamos a pôr em lugares decisivos quem não discute, não tem soluções, nem mesmo tem consciência dos assuntos fundamentais que afligem a humanidade? "
António Neto da Silva
O dever de qualquer político é ser um exemplo. E sê-lo-á quando os cidadãos, ao vê-lo passar, disserem dele: “ali vai um Homem exemplar”. De quantos políticos da actualidade conseguimos dizer isso?
Os eleitores só deveriam entregar o poder a quem fosse exemplar nos seus valores e na condução dos seus actos.
As sociedades organizam-se de forma cada vez mais complexa. A democracia constitui uma conquista e traduz, nos seus princípios, valores que dificilmente serão melhorados. Mas a democracia não é uma inevitabilidade. O homem tem milhões de anos. A democracia, aplicada de uma forma mais generalizada, não tem mais de 100 anos. Urge, por isso, defendê-la. E defendê-la significa colocar no poder homens e mulheres com convicções e valores tão sólidos que recuperem para a democracia o estatuto de ser a mais perfeita organização da sociedade. A Carta Universal dos Direitos do Homem é um documento produzido por grandes políticos. Do mesmo modo que os acordos de Camp David foram possíveis porque a chefiar os dois lados, antes em conflito, estavam dois homens de grande dimensão. E todos os outros exemplos do aperfeiçoamento humano e da organização dos homens em sociedade resultaram do trabalho de homens com valor e com dimensão de Estado. Foram estes homens que, chegados a lugares-chave, conceberam, aprovaram e legislaram a adopção das normas que asseguram a democracia. Hoje, os homens com esta dimensão são afastados ou impedidos de desempenhar os cargos de condução das sociedades. As posições de comando são detidas por pessoas em quem os eleitores não reconhecem verdadeiros líderes. Pessoas cujos debates traduzem o que são: um deserto sem ideias nem projectos. Debates que fazem lembrar os tempos da instrução primária, daqueles diálogos competitivos do género: “senhora professora, fui eu o primeiro…” ou “ senhora professora foi aquele menino que disse…”.
Diz-se muito, hoje, que, com a consolidação das democracias, a política está órfã de um projecto. Muito se enganam os que dizem isso. Os grandes políticos foram decisivos na implementação das democracias, da igualdade entre os homens, do respeito pela liberdade, da tolerância, que não seja frouxa, e da solidariedade. Digo tolerância que não seja frouxa porque a tolerância acaba no momento em que pretendam derrubar a nossa liberdade. Este é um princípio que é fundamental manter presente, neste período em que as mentes andam muito confusas.
Diz-se, então, que conquistada a democracia e o respeito pelos direitos humanos a política deixou de ter um grande desígnio e passou a ser uma mera actividade de gestão da rez pública. Repito: muito se engana quem o diz. É que a democracia e os direitos humanos pressupõe a existência de vida. E a vida humana nunca esteve em risco como hoje está. Conquistamos a democracia, a liberdade, o respeito pelos direitos humanos, conseguimos o desenvolvimento tecnológico, libertamos povos oprimidos, mas hoje estamos confrontados com um risco terrível, que só pode ser controlado e vencido se estiverem homens com dimensão de Estado e visão universal no comando das sociedades. O risco, hoje, não resulta tanto do confronto entre regimes totalitários e democráticos (embora o risco de retorno exista – para defendermos a democracia não podemos continuar a eleger pessoas cuja prática faça os cidadãos sentirem saudades de outros regimes). O risco, hoje, é o do desaparecimento das condições de vida sobre o planeta, devido a uma sobrexploração dos seus recursos, não apenas dos recursos que constituem as matérias-primas da produção mas, fundamentalmente, dos recursos que suportam a vida, como, por exemplo, a água, o ar, ou o ozono. De que valeriam a democracia e os direitos humanos se não houvesse água potável, ar para respirar ou se o sol de benéfico passasse a destruir a vida. De que serviriam as nossas conquistas se permitíssemos que a humanidade se autodestruísse? Garantir as condições de vida da humanidade e a manutenção da espécie: será este um projecto menor do que o foi a conquista da democracia? Porque continuamos a pôr em lugares decisivos quem não discute, não tem soluções, nem mesmo tem consciência dos assuntos fundamentais que afligem a humanidade? "
António Neto da Silva
3 Comments:
Gostei, o debate político devia ter esta elevação. Os governantes actuais tomam decisões para o imediato. De que interessa ser mais competitivo, melhores indices disto e daquilo se a poluição é global, e quando sofrermos, sofreremos todos. Mas as Galps e as Lusopontes (e os seus administradores) e outros gostam de ter ministros manietados. Pensam estes senhores que estarão a salvo se lhes faltar o ar?
Atenção que acaba amanhã o prazo para efectuar o pagamento da segunda tranche do "pagamento por conta", para empresas em regime simplificado, mesmo que não tenham facturação, lá está a colecta mínima, o trabalho e a honestidade do contabilista não interessam para nada. Por conta de quê? Grande negócio. Um tipo abre um restaurante e todas as pessoas que passarem em frente à porta pagam uma refeição por multibanco, comer ou não é indiferente, quem não come poderia ter comido. Temos uns fiscalistas geniais, isto nem lembrava ao Padre Santo. Será que todos os fiscalistas são políticos?
A democracia está morta. Ela serve exclusivamente os interesses do Capital e dos Partidos Politicos e seus Agentes. Abram os olhos. Isto que se passa em Portugal passa-se no resto da União Europeia... qualquer dia temos um Hitler a mandar em todos nós ... o que feitas as contas até pode ser uma benesse desde que liquide toda esta corja e seus familiares até á ª geração - ascendentes e descendentes - foi aí que o Hitler se enganou - liquidou Judeus em vez de Liqquidar os Politicos e suas familias ... mas desta vez vai ser diferente
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