quinta-feira, outubro 04, 2007

A REVOLTA DE LUÍS FILIPE MENEZES

"Passei estes dias seguintes à vitória de Luís Filipe Menezes nas eleições do PSD a ler reacções. A inesperada clareza com que Menezes triunfou sobre Marques Mendes merece, com certeza, uma explicação. Por uma vez, não me interessei tanto pelos jornais e analistas, nem perdi tempo com os sinais de condolência com que os notáveis do PSD, as famosas elites, receberam Menezes. Para perceber tudo, pareceu-me mais instrutivo ir directamente à fonte, isto é, às opiniões que militantes, simpatizantes, basistas ou simples ressabiados foram deixando aqui e ali, em jornais e em blogues, em fóruns, nas caixas de comentários que pululam na Internet. O retrato final não podia ser mais elucidativo.

No Hotel Sheraton, no auge da euforia, um militante anunciava o seu desejo de se "limpar a casa" e "acabar com os barrosistas, cavaquistas e mendistas". Claro que vêm aí os menezistas, mas esses, dizem-nos, são de outra estirpe: não se movem por interesses pessoais mas por uma dedicação sagrada ao Partido (com maiúscula). Um outro anónimo, inspirado em Almeida Garrett, advertia que os "barões devem respeitar a escolha das bases" e que os "portugueses estão cada vez mais fartos de barões e baronesas". Outro apoiante de Menezes jurava que "o problema deste país são os lisbonizados e centralistas que por aí andam". Outro, mais analítico, explicava que "Luís Filipe Menezes ganhou porque o Marques Mendes estava mais interessado nas pequenas e médias empresas do que nos portugueses". As vinhas da ira não chegam apenas a Mendes. A Dra. Ferreira Leite (a baronesa?) é particularmente visada quando militantes revoltosos afirmam que ela "foi uma péssima ministra" e que, nas mãos dela, o PSD acabava. E nem o Prof. Marcelo escapa à sublevação popular que tomou conta do partido: "Prepara-se para começar a minar Menezes." Para todos, a eleição de Menezes representou o grito do Ipiranga das bases do PSD, oprimidas anos a fio e tratadas como "incultas" pelas elites.

A ascensão de Luís Filipe Menezes retrata um PSD desorientado que nunca se entusiasmou com Marques Mendes. É também uma pequena vingança de Santana Lopes e o próprio Santana quis logo destacar o "significado" da eleição de Menezes: "Por quem ganha e por quem perde." Mas, mais que isso, com Menezes chegam os ressentidos, os que têm contas para ajustar, os que se sentem traídos, os que querem o poder de volta, todos os descamisados da política que sempre apostaram em todas as lideranças e que sempre se viraram contra todas as lideranças quando estas não lhes davam o que queriam. O séquito de Menezes é feito desta raiva psicológica. E a pergunta agora é: o que irá fazer Menezes da revolta que ele próprio engendrou? Suponho que nem ele sabe.
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Pedro Lomba

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Ainda bem que uma voz credível e respeitada chama á atenção do senhor comentador Marcelo, sobre a sua pretensão de poder insultar e denegrir quem bem lhe apetece durante as suas homílias dominicais.. Dá-se mais valor a uma frase de Manuela que a uma prosa anual de Marcelo..

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O Dr. Marques Mendes afigura-se um Homem sério, leal, honesto e trabalhador, defensor de valores e de principios. Poderá não ter perfil nem carisma para «número um» quer do partido, quer do Governo. Mas será certamente um excelente «numero dois» quer do partido, quer no governo, com um número um de confiança mútua. O Dr.Marques Mendes fica omo «reserva moral» do PSD.

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O Dr. Marques Mendes tal como todos os anteriores líderes, à excepção do de má memória Pedro Santana Lopes, abandonaram o Parlamento. Quem tem dignidade e sabe fazer outras coisas na vida, vai para a actividade privada como aconteceu com Dr. Fernando Nogueira.

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

«Bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz e não o que ele faz».. MRS é desse género.. Fala fala nas suas "conversas em família" (para imitar o padrinho de má memória - Marcelo Caetano), mas nada concretiza quando chamado a ter responsabilidades. Só intriguinhas de bastidores, paleio de comadres, projectos em diagramas na parede que nunca vêem a luz do dia. Chega de Marcelos.

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O Barão Marcelo também ficou preocupado porque as bases deram a vitória a Meneses. Para ele o PSD deve ser um feudo de uns quantos iluminados que o gerem às suas conveniências. As bases, como já hoje ouvi alguém chamar de "raia miúda" só serve para dar votos, bater palmas e pagar quotas. Há grande democratas!! Debitar tretas é muito fácil. Candidata-te se tens coragem...

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Marcelo já não é o que era! Está a perder discernimento e a afectar a sua credibilidade. Julga-se no direito de atacar colegas de partido que ganham eleições e têm obra feita no País. Deveria ser isento e deixar-se de perseguições pessoais, como fez com Santana Lopes. Os seus comentários já não têm validade.

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Longe de se resolver a crise do PSD, este vai passar por mais uma experiência. Os notáveis do partido não estão interessados em dar a cara e apenas vão aproveitando estas convulsões para tirar algum proveito. É preciso é aproveitar as migalhas, venham de onde vierem! Repare-se que até Zita Seabra, a pseudo comunista, estava na sede de Menezes! A vida é assim!

quinta-feira, outubro 04, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Serrano tem toda a razão. Prof.Marcelo lembra-se quando quis ser Pres.Câmara de Lisboa que se atirou ao Tejo,para mostrar aos Lisboetas quem era? Tirando o seu curso de lado que orgão Autarquico desempenhou? Diga, o de Pres.Assembleia Municipal e o resto,que tipo de Pres.do PSD foi?Estas perguntas tambem servem para Pacheco Pereira,creio que nem sequer foi autarca, penso eu!

quinta-feira, outubro 04, 2007  

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