quinta-feira, outubro 25, 2007

A VÃ GLÓRIA DE BAPTIZAR

"Gostei muito da cobertura televisiva às negociações do Tratado Europeu. Antes do acordo, achei enternecedor ver os jornalistas indígenas e o funcionário público Esteves Martins denunciarem os torpes obstáculos que poderiam impedir a sua concretização: os deputados da Itália, os gémeos da Polónia, o alfabeto da Bulgária, etc. Depois do acordo, a alegria foi proporcional ao tom repugnado das denúncias.

Que importa o facto de ninguém compreender boa parte do que ali se acertou? Que importa a previsível ractificação à revelia democrática? Que importam os gémeos polacos? Importa que temos tratado e que o tratado é de Lisboa. No fundo, esse era o objectivo de todo o frenesim: baptizar a coisa. Um deslize e a coisa acabaria chamada de Liubliana. Onde fica Liubliana? Mistério. Lisboa nós conhecemos. Lisboa é nossa. O Tratado, em larga medida, também. O Tratado de Lisboa, apetece lembrar. O Tratado de Lisboa, apetece repetir. É assim como uma "Expo 98" ou um "Euro 2004", só que com duração indeterminada e se Deus quiser infinita. A glória deve andar muito próxima disto, e o modesto "Porreiro, pá" com que o eng. Sócrates comentou a saga apenas engrandece o seu principal herói
."

Alberto Gonçalves

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