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"Israel, em permanente insegurança, conseguiu construir uma economia não só viável como de grande sucesso.
A turbulência dos espíritos reflecte-se, nos mercados de capitais, por uma grande volatilidade dos preços e das acções alvo de “momentum”. Os investidores vão ter que se habituar a investir nestas condições, com um grau de risco muito superior ao que era habitual. O que significa elevadas possibilidades de perdas…mas também grandes possibilidades de ganhos. Israel, em permanente insegurança, conseguiu construir uma economia não só viável como de grande sucesso. Porque não haveríamos nós de conseguir? É, no entanto, avisado precaver maior liquidez do que o que seria habitual, para fazer face a períodos que, por definição, não serão muito longos, mas em que ser forçado a vender se traduziria em perdas significativas.
O cenário global dos mercados financeiros está enquadrado por factores estruturais e por factores conjunturais. Do ponto de vista estrutural, por um lado, o desabrochar de enormes mercados mundiais, com taxas de crescimento a dois dígitos e o estonteante fluxo de capitais e de investimentos directo produtivo para essas regiões, fora do Ocidente. Por outro lado, a escassez relativa das fontes energéticas características da nossa civilização: o petróleo e o gás natural, que são, de si, bens escassos, sobre os quais se estabeleceu uma concorrência desusada visando satisfazer o ritmo de crescimento das economias emergentes. Ambos estes factos produziram uma valorização muito rápida do “sangue” que corre nas veias das economias mundiais, com o risco de, a prazo não muito longo, esse “sangue” poder secar. Daí, as movimentações estratégicas de “ocupação de território” por parte das grandes potências, tradicionais e emergentes. Movimentações que, com o aquecimento global e o degelo das calotes polares, se estende já também ao pólo norte, que aquelas potencias querem entre si dividir em corte longitudinal do tipo casca de laranja, o que cria a possibilidade de um conflito armado de dimensão imprevisível.
Já de um ponto de vista conjuntural, os receios sobre a dimensão do impacto nas economias, da crise do mercado de crédito de menor qualidade (‘subprime’), têm assolado o sentimento dos investidores, provocando um grande nervosismo e volatilidade e “obscurecendo” as boas notícias dos resultados empresariais revelados e dos mais significativos indicadores macroeconómicos.
De facto, o PIB norte-americano, economia-motor do mundo, conheceu um crescimento de 3,9 % no terceiro trimestre deste ano, sendo este o maior crescimento desde o primeiro trimestre de 2006. Além disso, só em Outubro, a economia norte-americana criou 166000 postos de trabalho, ficando, em consequência, a taxa de desemprego em confortáveis 4,7 %. Por seu turno, a situação económico-financeira da maior parte das empresas é boa e a FED já mostrou que está atenta para “corrigir” qualquer desvio que possa pôr em causa a ‘performance’ da economia, como se verificou recentemente, com nova baixa da taxa de juro em 0,25 pontos, para os 4,5%. Neste contexto, é nítida a relativa estabilização dos mercados de crédito e da liquidez do sistema bancário, estando-se em situação bem mais segura que a que se verificava em Agosto. Se tivermos em conta que as economias emergentes, em particular a chinesa e a indiana, mantêm um crescimento muito forte, não se vê que um abrandamento da economia americana (que parece não se estar a verificar) possa criar escassez da procura mundial. Na minha avaliação, a probabilidade de uma recessão nos EUA em consequência de um ‘crash’ no mercado imobiliário americano, que tivesse consequências graves no mercado de crédito, parece-me fora do horizonte. Não acredito, assim, que, para além de alguns ajustamentos no valor de algumas entidades financeiras, as estimativas de resultados das empresas para 2008 possam vir a estar falseadas por um abrandamento da economia americana. O único factor perturbador é a evolução do preço do petróleo, mas uma ida aos USD 100 já está descontada. Tendo, finalmente, em conta que, apesar dos ganhos dos últimos anos, o valor corrente das acções se situa na média histórica, não estando, portanto, sobreavaliadas, concluo que a aplicação das poupanças em acções, apesar da turbulência, ainda pode ser mais rentável que outras alternativas."
António Neto da Silva
A turbulência dos espíritos reflecte-se, nos mercados de capitais, por uma grande volatilidade dos preços e das acções alvo de “momentum”. Os investidores vão ter que se habituar a investir nestas condições, com um grau de risco muito superior ao que era habitual. O que significa elevadas possibilidades de perdas…mas também grandes possibilidades de ganhos. Israel, em permanente insegurança, conseguiu construir uma economia não só viável como de grande sucesso. Porque não haveríamos nós de conseguir? É, no entanto, avisado precaver maior liquidez do que o que seria habitual, para fazer face a períodos que, por definição, não serão muito longos, mas em que ser forçado a vender se traduziria em perdas significativas.
O cenário global dos mercados financeiros está enquadrado por factores estruturais e por factores conjunturais. Do ponto de vista estrutural, por um lado, o desabrochar de enormes mercados mundiais, com taxas de crescimento a dois dígitos e o estonteante fluxo de capitais e de investimentos directo produtivo para essas regiões, fora do Ocidente. Por outro lado, a escassez relativa das fontes energéticas características da nossa civilização: o petróleo e o gás natural, que são, de si, bens escassos, sobre os quais se estabeleceu uma concorrência desusada visando satisfazer o ritmo de crescimento das economias emergentes. Ambos estes factos produziram uma valorização muito rápida do “sangue” que corre nas veias das economias mundiais, com o risco de, a prazo não muito longo, esse “sangue” poder secar. Daí, as movimentações estratégicas de “ocupação de território” por parte das grandes potências, tradicionais e emergentes. Movimentações que, com o aquecimento global e o degelo das calotes polares, se estende já também ao pólo norte, que aquelas potencias querem entre si dividir em corte longitudinal do tipo casca de laranja, o que cria a possibilidade de um conflito armado de dimensão imprevisível.
Já de um ponto de vista conjuntural, os receios sobre a dimensão do impacto nas economias, da crise do mercado de crédito de menor qualidade (‘subprime’), têm assolado o sentimento dos investidores, provocando um grande nervosismo e volatilidade e “obscurecendo” as boas notícias dos resultados empresariais revelados e dos mais significativos indicadores macroeconómicos.
De facto, o PIB norte-americano, economia-motor do mundo, conheceu um crescimento de 3,9 % no terceiro trimestre deste ano, sendo este o maior crescimento desde o primeiro trimestre de 2006. Além disso, só em Outubro, a economia norte-americana criou 166000 postos de trabalho, ficando, em consequência, a taxa de desemprego em confortáveis 4,7 %. Por seu turno, a situação económico-financeira da maior parte das empresas é boa e a FED já mostrou que está atenta para “corrigir” qualquer desvio que possa pôr em causa a ‘performance’ da economia, como se verificou recentemente, com nova baixa da taxa de juro em 0,25 pontos, para os 4,5%. Neste contexto, é nítida a relativa estabilização dos mercados de crédito e da liquidez do sistema bancário, estando-se em situação bem mais segura que a que se verificava em Agosto. Se tivermos em conta que as economias emergentes, em particular a chinesa e a indiana, mantêm um crescimento muito forte, não se vê que um abrandamento da economia americana (que parece não se estar a verificar) possa criar escassez da procura mundial. Na minha avaliação, a probabilidade de uma recessão nos EUA em consequência de um ‘crash’ no mercado imobiliário americano, que tivesse consequências graves no mercado de crédito, parece-me fora do horizonte. Não acredito, assim, que, para além de alguns ajustamentos no valor de algumas entidades financeiras, as estimativas de resultados das empresas para 2008 possam vir a estar falseadas por um abrandamento da economia americana. O único factor perturbador é a evolução do preço do petróleo, mas uma ida aos USD 100 já está descontada. Tendo, finalmente, em conta que, apesar dos ganhos dos últimos anos, o valor corrente das acções se situa na média histórica, não estando, portanto, sobreavaliadas, concluo que a aplicação das poupanças em acções, apesar da turbulência, ainda pode ser mais rentável que outras alternativas."
António Neto da Silva
1 Comments:
Só eu tenho dois...empregos.
Falas bem mas não me convences, espera pela hiperinflação.
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