A insustentável leveza da verdade ou lá o que isso seja…
“Os mercados são moldados por expectativas humanas, os seus comportamentos não são passivos de previsão racional. As forças que movimentam os mercados não são processos mecânicos de causa e efeito. São aquilo que George Soros designou por “reflexões interactivas”. Dado que os mercados são constituídos por interacções entre crenças altamente inflamáveis, não são capazes de se autoregular.
De acordo com a teoria económica corrente, podemos compreender a economia como compreendemos um maquinismo; mas as sociedades humanas estão em permanente flutuação e mudanças. As instituições sociais são formadas de convicções humanas; um rectângulo de papel serve de dinheiro apenas enquanto acreditamos que é dinheiro; de outro modo, é apenas uma curiosidade. As teorias que procuram mecanizar os mercados deixam de lado o facto mais importante: eles são ficções construídas pela imaginação e pelas expectativas humanas.
Em particular nos mercados financeiros, as nossas expectativas sobre o futuro entrechocam-se. Os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio. O excesso é o seu estado normal. Esta volatilidade no âmago das instituições financeiras liberalizadas dá origem a uma economia mundial organizada como um sistema de mercados livres essencialmente instáveis.
Os que crêem que os mercados livres nos permitem formular expectativas racionais sobre o futuro vêem a longa expansão económica americana desde o início dos anos 80 até ao presente como prova de que os ciclos económicos são uma das bárbaras relíquias da história. Estão confiantes em que as economias que se submetem às exigências do consenso de Washington não precisam recear as súbitas contracções e longas depressões que as sacudiram no passado.
Allan Greenspan, presidente do Banco Central Americano ( Federal Reserv Bank ), credibilizou o conceito de que os ciclos económicos estão obsoletos. Até 1989 Greenspan acreditou que os mercados livres se enraizavam na natureza humana e que apenas a tirania poderia evitar que o resto da natureza humana os abraçasse. É louvável que Greenspan, numa conferência no Centro Woodrow Wilson em Junho de 1997, tenha confessado que após 1989 descobriu que « muito do que tomámos por verdadeiro no nosso sistema de mercado livre não se devia à natureza, mas à cultura. O desmantelamento da função de planificação central não estabelece automaticamente, como alguns supunham, o capitalismo de mercado».
Greenspan reconheceu a importância das normas culturais na sustentação dos mercados livres. Mas que cataclismo no mercado será preciso para convencer Greenspan de que uma «nova era» de crescimento estável é apenas um mito?
O laissez-faire global pode sucumbir no meio de uma crise ingerível dos mercados bolsistas e das instituições financeiras. A enorme e praticamente obscura economia virtual dos derivados financeiros aumenta os riscos de uma ruptura sistémica.
Como reagiria a sociedade americana desunida a um colapso bolsista como o que ocorreu no Japão no início dos anos 80?
De acordo com a teoria económica corrente, podemos compreender a economia como compreendemos um maquinismo; mas as sociedades humanas estão em permanente flutuação e mudanças. As instituições sociais são formadas de convicções humanas; um rectângulo de papel serve de dinheiro apenas enquanto acreditamos que é dinheiro; de outro modo, é apenas uma curiosidade. As teorias que procuram mecanizar os mercados deixam de lado o facto mais importante: eles são ficções construídas pela imaginação e pelas expectativas humanas.
Em particular nos mercados financeiros, as nossas expectativas sobre o futuro entrechocam-se. Os mercados financeiros não tendem para o equilíbrio. O excesso é o seu estado normal. Esta volatilidade no âmago das instituições financeiras liberalizadas dá origem a uma economia mundial organizada como um sistema de mercados livres essencialmente instáveis.
Os que crêem que os mercados livres nos permitem formular expectativas racionais sobre o futuro vêem a longa expansão económica americana desde o início dos anos 80 até ao presente como prova de que os ciclos económicos são uma das bárbaras relíquias da história. Estão confiantes em que as economias que se submetem às exigências do consenso de Washington não precisam recear as súbitas contracções e longas depressões que as sacudiram no passado.
Allan Greenspan, presidente do Banco Central Americano ( Federal Reserv Bank ), credibilizou o conceito de que os ciclos económicos estão obsoletos. Até 1989 Greenspan acreditou que os mercados livres se enraizavam na natureza humana e que apenas a tirania poderia evitar que o resto da natureza humana os abraçasse. É louvável que Greenspan, numa conferência no Centro Woodrow Wilson em Junho de 1997, tenha confessado que após 1989 descobriu que « muito do que tomámos por verdadeiro no nosso sistema de mercado livre não se devia à natureza, mas à cultura. O desmantelamento da função de planificação central não estabelece automaticamente, como alguns supunham, o capitalismo de mercado».
Greenspan reconheceu a importância das normas culturais na sustentação dos mercados livres. Mas que cataclismo no mercado será preciso para convencer Greenspan de que uma «nova era» de crescimento estável é apenas um mito?
O laissez-faire global pode sucumbir no meio de uma crise ingerível dos mercados bolsistas e das instituições financeiras. A enorme e praticamente obscura economia virtual dos derivados financeiros aumenta os riscos de uma ruptura sistémica.
Como reagiria a sociedade americana desunida a um colapso bolsista como o que ocorreu no Japão no início dos anos 80?
Hoje, um ruptura dessa dimensão desencadearia convulsões económicas e sociais de grande escala nos Estados Unidos. Independentemente de outros presságios de um tal evento, podemos ter a certeza de que mais ninguém falaria da utopia do governo minimalista.
O regime internacional dos mercados livres não poderia sobreviver a uma convulsão económica no seu epicentro.”
John Gray in “False Down”
Este filósofo e professor de Pensamento Europeu na London School of Economics é um visionário. Escreve regularmente no The Guardian
Notícias do que é negado todos os dias, porque tudo está bem, tudo vai bem, no emprego, no crescimento nos deficits, nos mercados financeiros e nas economias:
Porque no te callas ombre!
Gritava o descendente do Afonso XIII que nos queria anexar, com o apoio dos republicanos da I República, a Chávez, um alegre sucessor de Fidel que serve perfeitamente os desígnios dos mesmos deixaram morrer chacinados os marines na Baía dos Porcos, não deixando descolar o apoio aéreo, para que Kennedy mais tarde fosse assassinado, e para que se convencesse a frente interna, tão necessária, para elevar de 23 000 para 650 000 homens no Vietname, porque tal como temia Ike, no seu discurso de despedida, o aparelho militar industrial funcionasse, não em prol do povo americano, mas em prol de meia dúzia de famílias que dominam esta grande potência por dentro.
John Gray in “False Down”
Este filósofo e professor de Pensamento Europeu na London School of Economics é um visionário. Escreve regularmente no The Guardian
Notícias do que é negado todos os dias, porque tudo está bem, tudo vai bem, no emprego, no crescimento nos deficits, nos mercados financeiros e nas economias:
Porque no te callas ombre!
Gritava o descendente do Afonso XIII que nos queria anexar, com o apoio dos republicanos da I República, a Chávez, um alegre sucessor de Fidel que serve perfeitamente os desígnios dos mesmos deixaram morrer chacinados os marines na Baía dos Porcos, não deixando descolar o apoio aéreo, para que Kennedy mais tarde fosse assassinado, e para que se convencesse a frente interna, tão necessária, para elevar de 23 000 para 650 000 homens no Vietname, porque tal como temia Ike, no seu discurso de despedida, o aparelho militar industrial funcionasse, não em prol do povo americano, mas em prol de meia dúzia de famílias que dominam esta grande potência por dentro.
Notícias do mercado:
O banco americano Wells Fargo, o quinto maior do país, revelou ter registado um prejuízo líquido com créditos de 6,4 mil milhões/bilhões de dólares (0,77%) , no terceiro trimestre. A Fargo é credora de 83 mil milhões de dólares em empréstimos hipotecários de vário tipo. A queda dos preços do mercado imobiliário e o não pagamento das prestações dos contratos hipotecários de alto risco - «subprime» - foram as principais razões apontadas pela empresa para resultados que analistas da imprensa financeira americana - Forbes, Wall Street Journal, Bloomberg, Yahoo Finance - consideraram “desastrosos.”
O presidente-executivo do conselho de administração (CEO) do Wells Fargo, John Stumpf, citado pela Bloomberg, afirmou que “esta é a pior crise imobiliária desde a Grande Depressão [1929].” Stumpf advertiu que os prejuízos do Wells Fargo poderão aumentar no quarto trimestre e continuarem “elevados” durante 2008. “É complicado garantir quando estaremos definitivamente bem”, afirmou.
Como temos referido desde Setembro, a crise dos mercados financeiros globais, particularmente nos Estados Unidos e na Europa, está a revelar-se não como um “problema específico de um pequeno segmento do mercado” - hipotecas imobiliárias de alto risco «subprime» - mas antes como parte de uma crise sistémica. Por enquanto, com consequências ainda imprevisíveis na economia real.
Nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Suiça e noutros países europeus e asiáticos estima-se que, desde o início de 2007 o sistema bancário global já contabilizou nos seus balanços, prejuízos superiores a 100 mil milhões de dólares.
O banco americano Wells Fargo, o quinto maior do país, revelou ter registado um prejuízo líquido com créditos de 6,4 mil milhões/bilhões de dólares (0,77%) , no terceiro trimestre. A Fargo é credora de 83 mil milhões de dólares em empréstimos hipotecários de vário tipo. A queda dos preços do mercado imobiliário e o não pagamento das prestações dos contratos hipotecários de alto risco - «subprime» - foram as principais razões apontadas pela empresa para resultados que analistas da imprensa financeira americana - Forbes, Wall Street Journal, Bloomberg, Yahoo Finance - consideraram “desastrosos.”
O presidente-executivo do conselho de administração (CEO) do Wells Fargo, John Stumpf, citado pela Bloomberg, afirmou que “esta é a pior crise imobiliária desde a Grande Depressão [1929].” Stumpf advertiu que os prejuízos do Wells Fargo poderão aumentar no quarto trimestre e continuarem “elevados” durante 2008. “É complicado garantir quando estaremos definitivamente bem”, afirmou.
Como temos referido desde Setembro, a crise dos mercados financeiros globais, particularmente nos Estados Unidos e na Europa, está a revelar-se não como um “problema específico de um pequeno segmento do mercado” - hipotecas imobiliárias de alto risco «subprime» - mas antes como parte de uma crise sistémica. Por enquanto, com consequências ainda imprevisíveis na economia real.
Nos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Suiça e noutros países europeus e asiáticos estima-se que, desde o início de 2007 o sistema bancário global já contabilizou nos seus balanços, prejuízos superiores a 100 mil milhões de dólares.
O banco britânico Barclays, um dos maiores da Europa, anunciou ontem (quinta-feira) prejuízos de USD 2,7 mil milhões/bilhões (mm/bi), relacionados com incidentes de créditos hipotecários norte-americanos de baixa qualidade - «subprime» - e alto risco. A principal vítima foi a divisão de investimentos Barclay’s Capital. Aquele montante refere-se apenas às amortizações assumidas nos balanços do terceiro trimestre. Vários articulistas e analistas do Financial Times oscilam as opiniões entre o forte cepticismo e a luz ao fundo do túnel.
As declarações do presidente executivo do Barclays Capital, Bob Diamond, não foram alheias à manifesta discrepância das análises. Diamond admitiu que o mercado vai precisar de muito mais tempo para superar os problemas com os créditos “subprime”. Outro factor de desconfiança residiu na recusa do Barclays em comentar se revelaria novas perdas com aquele tipo de créditos noutras áreas operacionais do banco.
“A escala de perdas certamente não está em linha com o pior cenário que alguns estavam prevendo. Em vez disso, o Barclays Capital como um todo melhorou seu desempenho na comparação com 2006″, afirmou Richard Hunter, analista da Hargreaves Lansdown Stockbrokers.
Em contrapartida Alex Potter, analista da Collins Stewart foi mais cauteloso: “Não podemos afirmar categoricamente que este é o fim do rebaixamento do valor dos activos, mas dá mais alguma confiança.” Robert Sage, do conglomerado financeiro americano Bear Stearns, porém integrou a equipa dos cépticos: “Nós não acreditamos na possibilidade de que os proveitos do Barclays possam melhorar.”
http://www.lawrei.eu/mranewsletter/
7 Comments:
As principais bolsas europeias encontram-se sem tendêncxia definida, pressionadas pela queda das acções dos bancos e das empresas de mineração, com os receios de que as perdas no mercado de crédito irão reflectir-se no abrandamento da economia e resultados das empresas.
Segundo um especialista, "vamos ver mais prejuízos. Vai ser uma batalha longa e dura. Os investidores não estão convictos que já assistimos ao pior desta crise".''
As previsões da Comissão Europeia (CE), recentemente divulgadas, reflectem comportamentos díspares das economias ibéricas. Enquanto Portugal está a acelerar marginalmente, assimilando a redução de desequilíbrios importantes, Espanha poderá estar a dar os primeiros passos num ciclo de abrandamento e ajustamentos que se podem revelar mais penosos. Ainda assim, o seu ritmo de crescimento continuará confortavelmente acima dos 2%, segundo a CE.
A inflação na zona euro disparou ao ritmo mais elevado dos últimos dois anos (2,6%) e o Banco Central Europeu continua a enviar mensagens de preocupação ao mercado. No entanto, as famílias portuguesas não terão de se preocupar no curto prazo com um novo aumento das taxas de juro, uma vez que a gravidade da crise financeira gerada pelo mercado norte-americano e a forte valorização do euro face ao dólar não dão margem de manobra para grandes alterações da política monetária.
O défice do nosso desenvolvimento em relação aos parceiros do espaço económico onde nos inserimos é prático-psicológico; tem fortes ligações com o passado; existe a ideia de que o país deve viver sempre de recursos externos. Cá dentro residem grandes males; existem mais de trezentas coutadas e dois condados e não só que gerem milhões para os quais em muitos casos a impreparação é de mais. E a Nação já não pode mais.
è divertido assistir ao constante arrufo dos sobredotados deste país de iluminados. Sempre cheios de soluções, eles sabem tudo, no entanto, e, dado que fazem parte da elite deste país, alguns deles por successão dinástica, na realidade o que é que já fizeram pelo país, sim porque o país por eles fez o que se vê, colocou-os num pedestal dourado, e, usando a sua (deles)própria linguagem, que méritos efectivos apresentaram eles como retribuição do recebido. Será que não seria melhor, dar-lhes a provar do seu próprio veneno??
Os portugueses estão cada vez mais endividados. O rácio de incumprimento divulgado pelo BdP é baixo, não chegando a 2% dos empréstimos, e encontra-se estabilizado. Mas a verdade é que os bancos e outras instituições financeiras estão a pagar a empresas especializadas para recuperarem os seus créditos incobráveis. Este ano, as dívidas recuperadas pelos privados que integram a Associação Portuguesa das Empresas de Recuperação de Crédito deverão ultrapassar os 420 milhões de euros, mais 20% que em 2006.
O principal risco da economia [para 2008] está directamente ligado à desaceleração dos nossos principais parceiros comerciais”, explica o especialista. “A procura externa dirigida a Portugal pode vir a evoluir pior do que o esperado na sequência da maior turbulência e incerteza que afecta os mercados internacionais”.
Os primeiros sinais já estão à vista: no segundo trimestre deste ano, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA diminuíram já as importações de bens e serviços portugueses. Dos principais parceiros comerciais do país, a excepção foi apenas Espanha, que manteve a taxa de crescimento homóloga nos 6,7%. A maior queda foi dos EUA, que passou de uma taxa de variação homóloga de 1% no primeiro trimestre deste ano, para -2,5% no segundo trimestre.
As consequências são a diminuição das exportações. Se no Boletim de Verão o Banco de Portugal previa um crescimento de 7,2% das exportações, agora apresenta como expectativa 6,7%, menos 0,5 pontos percentuais.
Para a revisão em baixa contribuíram sobretudo as exportações de mercadorias, que tinham tido um comportamento excepcional em 2006 (8,3% de aumento) e que este ano ficaram quase em metade (4,3% de crescimento). A exportação de serviços continua, no entanto, com crescimentos assinaláveis: 12,8% este ano, depois de ter crescido 11,3% no ano passado.
Com um bom desempenho está também o crescimento da quota de mercado portuguesa. Se em 2006 a quota de mercado cresceu 0,5%, este ano está previsto aumentar o dobro.
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