O choque da Casa Pia
"Há cinco anos o País ficou chocado quando descobriu que na até então prestigiada Casa Pia as crianças eram vítimas de redes pedófilas.
O assunto só foi conhecido porque investigações jornalísticas puseram a nu factos que as autoridades policiais já conheciam e que nunca investigaram a sério. Talvez porque alguns dos abusadores eram ricos, famosos e poderosos e não valia a pena ninguém se incomodar com as crianças desvalidas e desafortunadas: algumas delas já se tinham tornado marginais e toxicodependentes.
Mas graças à denúncia publicada nos jornais avançou um megaprocesso e um PGR corajoso – que interpretou a lei como está escrito na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humano – não teve medo de constituir arguidos pessoas que até então se consideravam intocáveis, como se abusar de criancinhas da Casa Pia fosse um acto que equivalesse a fumar um charuto depois de um fausto almoço. Com todas as vicissitudes, o processo Casa Pia ainda decorre e o novo Código de Processo Penal até parece que foi feito de propósito para aliviar a pena dos pedófilos. Mas pensava-se que pelo menos o choque social tinha acabado com os abusos.
Agora são descobertos novos casos. Quando Catalina Pestana alertou praticamente foi atacada em praça pública por zelosos funcionários. Graças à ex-provedora sabe-se que continua a haver crianças na Casa Pia abusadas – e há ex-alunos que substituíram ‘Bibi’ como agentes de redes pedófilas. Ainda alguém se preocupa com as crianças?"
Armando Esteves Pereira
O assunto só foi conhecido porque investigações jornalísticas puseram a nu factos que as autoridades policiais já conheciam e que nunca investigaram a sério. Talvez porque alguns dos abusadores eram ricos, famosos e poderosos e não valia a pena ninguém se incomodar com as crianças desvalidas e desafortunadas: algumas delas já se tinham tornado marginais e toxicodependentes.
Mas graças à denúncia publicada nos jornais avançou um megaprocesso e um PGR corajoso – que interpretou a lei como está escrito na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humano – não teve medo de constituir arguidos pessoas que até então se consideravam intocáveis, como se abusar de criancinhas da Casa Pia fosse um acto que equivalesse a fumar um charuto depois de um fausto almoço. Com todas as vicissitudes, o processo Casa Pia ainda decorre e o novo Código de Processo Penal até parece que foi feito de propósito para aliviar a pena dos pedófilos. Mas pensava-se que pelo menos o choque social tinha acabado com os abusos.
Agora são descobertos novos casos. Quando Catalina Pestana alertou praticamente foi atacada em praça pública por zelosos funcionários. Graças à ex-provedora sabe-se que continua a haver crianças na Casa Pia abusadas – e há ex-alunos que substituíram ‘Bibi’ como agentes de redes pedófilas. Ainda alguém se preocupa com as crianças?"
Armando Esteves Pereira
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