sexta-feira, novembro 30, 2007

Socialistas

"No Norte do país foi avistado um socialista, espécie em vias de extinção, identificado por se dizer chocado com o desemprego e incomodado com a pobreza.

Os socialistas, que viveram em tempos na terra e também em Portugal e que chegaram no passado a sobreviver encafuados numa gaveta, foram posteriormente dizimados pelo chamado “socialismo moderno”, uma praga da estirpe neoliberal. Em Portugal, ultrapassada pela tramóia a Idade do Ferro, o “socialismo moderno” incarnou no Partido Socialista, assim chamado para se distinguir do Partido Social-Democrata. De resto, ambos os partidos têm poucas diferenças e uma essencial semelhança: nem um é socialista nem o outro social-democrata, contrariamente ao que os próprios nomes indicam num comportamento que pode tipificar o delito de publicidade enganosa.

O socialismo está classificado em vias de extinção, e não totalmente extinto, porque de vez em quando ainda se manifesta de forma descontínua. Ainda há pouco tempo, em Lisboa, alguém proclamou que “há que fazer mais pela igualdade e a solidariedade”, pelo que foi prontamente catalogado como socialista. Um outro espécimen, com responsabilidade no engavetamento do socialismo, sentenciou que “é chocante ver como as desigualdades sociais se agravam nos últimos tempos”. Agora no Norte, concretamente em Matosinhos, um socialista clamou por “mais solidariedade social” e por mais atenção aos “desfavorecidos”.

Procurando responder ao perigo que ameaça a biodiversidade partidária em Portugal com a prática extinção dos socialistas, o Governo prometeu já que mais perto das eleições governará um poucochinho mais à esquerda, na modalidade de “socialismo realista”, o que realmente não é socialismo.
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João Paulo Guerra

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