segunda-feira, dezembro 10, 2007

Embrulhadas

"Depois da Cimeira UE-África deste fim-de-semana e da assinatura do Tratado de Lisboa na próxima quinta-feira, José Sócrates tem de convencer-se de que não é a Europa que tem de governar mas o pequeno país do seu extremo ocidental.

Miguel Mora, jornalista que entrevistou o primeiro-ministro português para o El País, escreveu no diário da Prisa que «a alguém que não o esteja a ouvir e se limite a observá-lo, dará a impressão de que governa um continente inteiro».
Pois é, enquanto isso, a alguém que não se limite a observar mas também se dê ao trabalho de ouvir os governantes deste país, dará a impressão de que este está a entrar em inteiro desgoverno.

Por muito boa que possa ser a presidência portuguesa da União Europeia, Sócrates sabe que não é daí que lhe advirão os votos para a reeleição em 2009. É importante, dá boa imagem, deu para recuperar do desgaste da politiquice interna, mas não chega.
Sobretudo se os ministros e secretários de Estado, na ausência do chefe ou enquanto este corre nas ruas da Índia ou passeia ao lado de Kadhafi, se atropelam em disparates atrás de baboseiras.

Ora é o novo aeroporto de Lisboa cuja decisão entre a Ota e Alcochete se atrasa sem que se perceba a real justificação de todo o adiamento e como se fosse a coisa mais natural do mundo, quando até há tão pouco tempo era incompatível com mais delongas, mesmo que – como bem se viu – plenamente justificadas;

ora são os benefícios fiscais que o deixaram de ser para os contribuintes devedores e, num repente, voltam a valer por perdão de um secretário de Estado – que premeia aqueles que regularizaram as dívidas, porque acabaram por contribuir para o aumento da receita;

ora são os contadores da electricidade que, num dia, vão ser introduzidos aos milhões e a pagar pelos consumidores e, no dia a seguir, já não são nada, porque o ministro da Economia assim decide e não interessa o que diz a reguladora nem o acordo fechado e assinado com Espanha para o mercado ibérico da energia;

ora são os sacos de plástico que, de manhã, o secretário de Estado defende que passem a custar cinco cêntimos a unidade e, à noite, já ninguém diz que disse que passariam a custar o que quer que fosse.

Não podendo aumentar mais o IVA e sabendo que, a mexer nos impostos, agora, só se fosse para os baixar, é bom que o Governo vá pensando em alternativas para a receita. Que pense, mas que pense bem.

Esta dos sacos de plástico com fins ambientais até teria a sua razão – se o preço não fosse exorbitante e se se descontassem todos os que são efectivamente reutilizados na não menos ambiental causa de bem acondicionar o lixo doméstico ou as necessidades dos cãezinhos despojadas nas zonas públicas. E se não houvesse já uma taxa ecológica e não prejudicasse milhões de endividados consumidores (além do óbvio reflexo na indústria do sector).

Tudo embrulhado, é uma rica prenda a que os ajudantes do primeiro-ministro lhe oferecem em vésperas de Natal.

Sócrates, mal estacione o trenó em S. Bento, bem pode começar a preparar-se para mudar alguns sapatinhos. É que o saco do Governo está cheio de ministros e secretários de Estado não reutilizáveis, que podem sair-lhe bem caros na hora do acerto de contas
."

MRamires

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Se é o Governo, fala, fala, fala.
O PSD quer falar, falar, falar pois o seu tempo de fala, fala, fala, teve um mau fim.
O país não se faz com palavras nem com umas quaisquer acções cosméticas de movimento.
Não precisamos de palavras nem de estatísticas, venham donde vierem, nem se deseja que o mau seja substituido por um pior.

segunda-feira, dezembro 10, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Penso que toda a gente há muito já reparou nisso mesmo, que a Comunicação Social(ista) está ao lado do governo e contra a oposição, o que é uma aberração. A sua posição natural devia ser a de fiscalização do cumprimento das promessas eleitorais.
Quanto a julgar a governação do Sócrates, o povo além de ter o direito, tem todo o dever.
Respondendo ao comentário anterior, sobre quem é o pior. Bem, pior do que o Sócrates é impossível. Ainda longe dele andou o Eng. Guterres, que pelo menos não mentiu nas suas habilitações.

segunda-feira, dezembro 10, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Muito longe de mim defender este governo, é um verdadeiro pântano. Mas o Senhor Filipe Menezes em nome do PSD é a pessoa menos credibilizada para criticar, ele sabe bem que já são decorridos mais de trinta anos que se alternam no governo, mas sem nenhuma alternativa, os dois defendem a mesma classe, que é a classe burguesa.

segunda-feira, dezembro 10, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Esta taxa sacos de plástico faz-me lembrar a outra dos isqueiros...

Mudam-se as moscas mas a *erda é a mesma!!!!

terça-feira, dezembro 11, 2007  

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