No reino da hipocrisia
"José Manuel Durão Barroso dizia, há dias que, por força do seu cargo de presidente da UE, tem de se relacionar com pessoas com as quais a sua mãe não gostaria de o ver. Durão falava de África, de Mugabe e do Zimbábue. Durão falava de Mugabe, mas podia perfeitamente dizer o mesmo (quereria?) de Bush ou de Putin. A questão é que a política de hoje não é comandada por princípios mas pelo dinheiro, pelos negócios. Qualquer pessoa filha de famílias com um mínimo de princípios - para seguir a lógica de Durão Barroso - concordará que a cimeira UE-África reuniu em Lisboa alguma da fina-flor da ralé da política internacional, tornando a nossa capital, por estes dias, um dos lugares mais mal frequentados do mundo, como escreveu com graça Manuel António Pina neste mesmo jornal.
No reino da hipocrisia que é a política, os sorrisos e apertos de mão trocados em Lisboa foram francos e sinceros. Tão francos e sinceros como se tivessem sido trocados pelo senhor Brown, o político inglês que, por ficar em casa, não merece o estatuto de mais sério do que os outros, porque não faltam exemplos na política britânica da mesma hipocrisia. Não se dá ele e todos os outros com a China, por razões sobejamente conhecidas? E as mãezinhas deles, aprovarão? Enfim, na Europa, os políticos europeus gostam de se dar ares de bons princípios. À luz do Ocidente, são capazes de ser melhores. Mas nem por isso têm bons princípios. Olhe- -se para o recente inquérito europeu - repito, europeu -, promovido por uma ONG, que concluiu que partidos políticos, parlamentos e tribunais são os organismos mais corruptos. O que fica de fora deste polvo? Que dirão as nossas mães do mundo que estamos a construir? "
José Leite
No reino da hipocrisia que é a política, os sorrisos e apertos de mão trocados em Lisboa foram francos e sinceros. Tão francos e sinceros como se tivessem sido trocados pelo senhor Brown, o político inglês que, por ficar em casa, não merece o estatuto de mais sério do que os outros, porque não faltam exemplos na política britânica da mesma hipocrisia. Não se dá ele e todos os outros com a China, por razões sobejamente conhecidas? E as mãezinhas deles, aprovarão? Enfim, na Europa, os políticos europeus gostam de se dar ares de bons princípios. À luz do Ocidente, são capazes de ser melhores. Mas nem por isso têm bons princípios. Olhe- -se para o recente inquérito europeu - repito, europeu -, promovido por uma ONG, que concluiu que partidos políticos, parlamentos e tribunais são os organismos mais corruptos. O que fica de fora deste polvo? Que dirão as nossas mães do mundo que estamos a construir? "
José Leite
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