sábado, janeiro 05, 2008

Entrevista à má moeda, Santana Lopes no C.M.

Entrevista da má moeda
Santana Lopes, líder parlamentar do PSD, não tem dúvidas em afirmar que é uma situação anormal o presidente da Caixa Geral de Depósitos ir presidir ao BCP e que o Banco de Portugal devia ter dito alto. Muito crítico em relação ao conformismo da sociedade, diz que a partilha de lugares do Estado é “feia e injustificada”

Normalmente há cláusulas de rescisão que impedem isso, não é? Pelo menos durante um ano.
Pelo menos durante um ano.- Um ou mais anos. Quando uma pessoa está numa empresa há o cuidado de se evitar que vá para a concorrência. Então como é que uma pessoa sai de um banco, qualquer um, mas então do Estado e vai para a concorrência? Sabe tudo sobre a CGD, os mercados, os clientes, a estratégia.
. Como é que o Governo não se importa com isto? Claramente porque quer que vá para lá. Isso é óbvio. E não é por certo por motivos altruístas, por estar preocupado com o futuro do BCP. Não me parece, porque o BCP tinha outras soluções para resolver o problema da administração.

Esta situação pouco normal só se admite mesmo em Portugal, não é?-
É isso que eu acho que é o principal em toda esta situação. O conformismo da sociedade portuguesa perante a anormalidade. Podem dizer que eu digo isto e vivi um processo político muito anormal e fui o seu principal protagonista. Mas admitamos que a culpa foi minha. O facto é que a sociedade portuguesa reagiu. Aquilo não foi normal com a saída de Durão Barroso e tudo isso. Mas a sociedade reagiu.

Reagiu e votou contra si.
- Não quer dizer que tenha a mesma opinião sobre esse processo. Mas respeito a posição da maioria. Acho é que agora ninguém reage perante uma série de situações inaceitáveis.

O senhor também sofreu na pele com o doutor Constâncio e o seu relatório sobre o défice de 2005.
- Um relatório de previsão.

Sim, de previsão. Mas agora o doutor Vítor Constâncio não reage perante toda esta situação. Acha normal? Fez um aviso aos accionistas e mais nada perante factos gravíssimos. Está tudo impávido e sereno, não é?- O PPD/PSD quer ouvir primeiro as pessoas e pedimos ao doutor Vítor Constâncio para vir ao Parlamento com carácter de urgência. Deve vir em Fevereiro. Vamos dar a essa audiência a importância que tem porque não queremos neste momento pedir a demissão do governador sem ter a certeza daquilo que parece ser verdade. E queremos ter essa certeza. Agora, a confirmar-se o que se sabe eu acho que há mais do que razões para o governador do Banco de Portugal já ter posto o seu lugar à disposição. Ter apresentado a sua demissão.

Porque falhou na sua função principal?
- O Banco de Portugal hoje em dia só tem o poder de supervisão. Já não intervém na política monetária. Tem a supervisão e faz estudos. Como é que o mercado pode aguentar um banco central que não dá pelas irregularidades cometidas durante anos? O silêncio perante tudo isto só se explica pelo facto de Portugal ser este País estranho em que as pessoas confiam que o tempo passa e que a gravidade dos factos passa. E neste caso o erro, a lacuna do Banco de Portugal afectou milhares de pessoas.- Accionistas e clientes.- Pequenos accionistas, o mercado foi afectado. É inacreditável o que se passou. E Portugal está cada vez mais assim. Ao mesmo tempo que é um País em que há resignação é um País em que cada vez mais os poderosos se resignam e os pobres pagam. É isto que é chocante. Há uma concertação, um conluio entre os capitais públicos e privados e depois quem se trama é o mexilhão.


Sobre os debates, na AR.(...):

O árbitro também não ajudou?-
Não ajudou nada. Já foram duas vezes. O doutor Jaime Gama é muito simpático, tenho uma boa relação com ele, mas à terceira já não vai ser assim. À primeira todos caem, à segunda cai quem quer e á terceira...Não, mais não. Eu procuro levar as coisas com cordialidade mas acho que o doutor Jaime Gama foi injusto comigo. Dois segundos depois da hora tirar-me a palavra nunca vi. Acho que houve ali uma discriminação negativa.


Sobre o país

Parar até porque o País está mesmo mal.
- Repare. Eu saí com a reputação de mau primeiro-ministro. Este tem a reputação de bom primeiro-ministro. E o País está pior do que estava quando eu saí. Porquê? Há qualquer coisa para além disso. Temos de pensar na organização do Governo, no papel do Presidente da República. Que não pode fazer oposição. Ou então governa o Presidente. Todos os outros países vivem uma vida normal. Nós não vivemos. Quando Jorge Sampaio dissolveu a Assembleia, eu e o doutor Durão Barroso vimo-nos aflitos para explicar no Conselho Europeu como era possível. Os nossos colegas não percebiam como era possível se havia primeiro-ministro, Governo e uma maioria no Parlamento. Só cá é que é possível.
Quem estará com vergonha ainda na cara ou fulo a espumar de raiva?
Dentro do partido e fora dele.
Pode não se gostar do estilo, eu gosto mais da Carla Bruni.
Mas afinal onde estão os defeitos?
Onde pára o país?
O PR vem com conversa de ocasião.
O PM existe apenas pela censura positiva.
Os tribunais e aPR onde param?
Onde vamos todos parar.
Vale a pena ler a entrevista para quem ainda se interessa.
Quem vai emigrar , está dispensado...

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