JAY LINO
"A Câmara de Comércio Luso-Britânica organizou um almoço-debate. Sem menosprezo para a instituição e para os almoços-debates, os desgraçados que, por razões profissionais ou institucionais, se sentem obrigados a participar nestas coisas sabem que estas coisas tresandam a aborrecimento. Felizmente, há excepções, e quase todas coincidem com o facto de o convidado de honra ser o eng. Mário Lino. Não falha: depois do fulgurante sucesso, em Maio passado, no almoço da Ordem dos Economistas (o do "deserto" e do "jamé"), a Câmara Luso-Britânica teve a sensatez de convidar o eng. Lino e, sou capaz de jurar, nenhum dos presentes deu o tempo por mal empregue.
A SIC mostrou o episódio. O ministro das Obras Públicas discursava séria e maçadoramente sobre obras públicas até alguém lhe perguntar se a decisão das Scut é para manter. De olhar maroto, o eng. Lino proclamou ser "um homem decidido e determinado". Como ele disse isto sem se rir, riram-se os convivas e pronto: o êxito estava garantido e a audiência conquistada. Daí em diante, o eng. Lino fez dela o que quis. A conversa prosseguiu em volta do aeroporto e o eng. Lino jurou: que a escolha de Alcochete resultou somente da sua mudança de opinião (mais risos); que os prazos da construção de Alcochete serão os mesmos da Ota (risos com lágrimas à mistura); que não duvida da sua continuidade no Governo (gargalhadas homéricas e dois ou três ameaços de enfarte).
Há comediantes célebres que não se impõem em Las Vegas com tanta facilidade. Inadvertidamente ou não (tenho esperanças de que não), o eng. Lino é o mestre absoluto da stand up-comedy nacional e este consenso que exige a demissão do homem roça o obsceno. Afinal, para o que realmente importa, o paradigma das obras públicas seguirá depois de Mário Lino o princípio em vigor antes de Mário Lino: torrar milhões em "investimento" estatal para colher "prestígio" e, em sonhos, "levantar" a economia. Durante Mário Lino, em compensação, à receita do desastre acrescentou-se a capacidade de divertir as massas. Se o nosso destino consiste em sermos pelintras gastadores, ao menos que o possamos cumprir na galhofa. "
Alberto Gonçalves
A SIC mostrou o episódio. O ministro das Obras Públicas discursava séria e maçadoramente sobre obras públicas até alguém lhe perguntar se a decisão das Scut é para manter. De olhar maroto, o eng. Lino proclamou ser "um homem decidido e determinado". Como ele disse isto sem se rir, riram-se os convivas e pronto: o êxito estava garantido e a audiência conquistada. Daí em diante, o eng. Lino fez dela o que quis. A conversa prosseguiu em volta do aeroporto e o eng. Lino jurou: que a escolha de Alcochete resultou somente da sua mudança de opinião (mais risos); que os prazos da construção de Alcochete serão os mesmos da Ota (risos com lágrimas à mistura); que não duvida da sua continuidade no Governo (gargalhadas homéricas e dois ou três ameaços de enfarte).
Há comediantes célebres que não se impõem em Las Vegas com tanta facilidade. Inadvertidamente ou não (tenho esperanças de que não), o eng. Lino é o mestre absoluto da stand up-comedy nacional e este consenso que exige a demissão do homem roça o obsceno. Afinal, para o que realmente importa, o paradigma das obras públicas seguirá depois de Mário Lino o princípio em vigor antes de Mário Lino: torrar milhões em "investimento" estatal para colher "prestígio" e, em sonhos, "levantar" a economia. Durante Mário Lino, em compensação, à receita do desastre acrescentou-se a capacidade de divertir as massas. Se o nosso destino consiste em sermos pelintras gastadores, ao menos que o possamos cumprir na galhofa. "
Alberto Gonçalves
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