segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Desagregação

Dos 78 milhões dos 500 milhõees de europeus que vivem em risco de pobreza, 19 milhões são crianças, ou seja 25%, refere um relatório da Comissão Europeia sobre política social divulgado hoje, em Bruxelas, noticiou o Diário Digital.

De acordo com o documento, divulgado em Bruxelas e que será adoptado pelos 27 no Conselho de Ministros da Segurança Social na sexta-feira, em Portugal “o risco de pobreza após as transferências sociais (20 por cento em 2004) e as desigualdades na distribuição dos rendimentos (rácio 8,2 em 2004) são das mais elevadas na UE”.
A população mais idosa, as mulheres e as crianças são as mais atingidas pela pobreza.
As despesas do Estado com protecção social representavam 24,9 por cento do PIB, abaixo da média da UE de 27,3 por cento.
Na análise à situação portuguesa, Bruxelas identifica “seis riscos multidimensionais e sistémicos que afectam fortemente a inclusão em Portugal”, sendo a primeira a “pobreza infantil e a pobreza dos idosos”.Outros riscos, que foram “substanciados com estatísticas e análises circunstanciadas”, são o insucesso escolar e abandono escolar precoce, os baixos níveis de qualificação, a participação diminuta em acções de aprendizagem ao longo da vida, a info-exclusão e ainda desigualdades e discriminação no acesso aos direitos das pessoas com deficiência e dos imigrantes.
Bruxelas recomenda a adopção de medidas de combate à pobreza como “a activação do Rendimento Social de Inserção”, os “Contratos de Desenvolvimento Social”, e o “Complemento Solidário para Idosos”, apesar de considerar que estas “não são suficientes para reduzir de forma significativa a pobreza”.
Já as metas definidas pelo Governo para corrigir as deficiências na escolaridade, entre as quais a iniciativa Novas Fronteiras, são consideradas pela Comissão Europeia como “ambiciosas” e “adequadas para actuar sobre o nível das qualificações estruturalmente baixo da população”, mas o relatório sustenta que “não se concentram nos grupos mais atingidos pela exclusão”.
É o estado do semantismo e da mentira e Bruxelas engole, porque afinal tem culpas no cartório.

Perante esta leitura dos números e perante a solução, ou soluções, fico de facto preocupado ou antes aturdido como se pode voltar a falar em soluções, sem ter pensado na raiz dos problemas.

A Comissão ou a Europa não estão interessados em resolver os problemas, porque sabem quais são as raízes deles e mais grave, sabem que as causas estão nas políticas sociais, nos sistemas económicos e no seguidismo das más soluções já tentadas em locais onde existiam boas políticas económicas até serem seguidas as imposições das organizações supranacionais, pelas novas direitas, pelas esquerdas modernas e pelos liberais democratas, (em nomes estes mordomos dos patrões do mundo são inventivos).

Se uma mulher vai ter com um médico e lhe diz, sentada ao lado do marido que está grávida e quer abortar, porque tem 39 anos e tem medo de uma gravidez de risco e o médico lhe responde que terá uma gravidez de algum risco, mas que não é esse o motivo do pedido de aborto, e os olhares, para baixo de um e para os olhos de outro, dizem o contrário, ficamos a saber que não podem ter esse filho porque os subsídios de maternidade, que cinicamente os indivíduos que governam estes sítios por essa Europa fora criaram, são miseráveis, como são os salários pagos pelas plutocracias reinantes.

Se alguém se der ao trabalho de verificar quanto o estado português, assim chamado semanticamente, paga a uma família que queira decidir ter um filho chegará á triste conclusão que o verdadeiro aborto é a lei e o apoio miserável, só comparável aos abortos das casas assinadas por uma coisa que se veste em fatos tipo Armani, mas que é um triste embuste humano, daqueles que aparecem nos chamados filmes negros.

O problema é que não temos um problema apenas em Portugal, temos em França, na Inglaterra, em Espanha, na Alemanha, em Itália e esse problema, foi o seguir à regra a política neoliberal e do Consenso de Washington, assim chamado pelo Senhor Williamson.
As sociedades impostas pelos secularistas evangélicos relativistas, provocaram a destruição da família, criaram as famílias monoparentais, os filhos deixados ao abandono ou ao cuidado de estranhos, também eles obrigados a deixar os seus ao cuidado de estranhos.

Por aqui, os Bancos chamam de prejuízos a lucros no pior dos casos de 25%.
Ninguém se escandaliza.
Estes senhores, que destruíram o tecido empresarial de um país e o tecido social do mesmo, continuam a ter a vida facilitada, por enquanto ainda não ameaçados pelos raptos dos filhos ou de familiares chegados, coisa que não estará longe, atendendo á forma como se tem legislado sobre política criminal.
Estes senhores, que importaram o Brasil para a Europa e aqui no sítio criaram o salário dos 500 Euros julgam que o crime fica sempre sem castigo, porque dominam os media e logo as mentes.

A globalização, segundo alguns, com razão, uma maravilha, trouxe a brasilização das sociedades na Europa e na América, com tudo incluído, como num pacote de viagens.

Estas são as causas da miséria, da falta de autosuficiência das famílias e a sua desagregação.

Os velhos marginalizados de hoje, na sua grande maioria já não são os velhos de ontem, são os velhos produzidos pelas sociedades ditas progressistas, vazios de histórias e imaginação, como as crianças, na sua grande maioria, estupidificadas e tornadas seres sem futuro, onde só se lhes aplaude a má educação e a agressividade, transmitida pelos pais, que não os aconchegam já ao deitar, pelos avós que já não lhes contam histórias porque estão em lares, ou vivem sós em pardieiros e que nos fins de semana, passam os dias em centros comerciais a bafejar com o hálito sujo as montras dos produtos que não podem comprar.

O retrato pode parecer cru, mas não estará distante da realidade.
O fosso criado pelos sucessivos governos, pagos pelos plutocratas, através de luvas e todo o tipo de corrupção faz pensar se vale a pena sustentar este tipo de regimes e se a prazo são sustentáveis.

Este é o maravilhoso mundo ocidental que defendemos, depois da queda dos regimes marxistas, que guiados pelo mesmo tipo de ilusões trazidas pelos iluministas e à custa de muitos holocaustos humanos que não apenas o dos judeus, o mais falado, julgando que os actos de vontade tudo podem, inclusivé mudar a natureza humana.

"Quando as divisões da guerra fria ainda existiam, os regimes comunistas eram vistos como pertencendo ao bloco de leste e à parte do corpo principal da civilização ocidental.
Assim eles eram tentativas para implementar uma quinta-essência ou um aprimorar do sonho ocidental. Longe de serem anti ocidentais, o comunismo era hiper ocidental.
O Estalinismo e o Maoismo não eram versões de despotismos orientais – como gerações de intelectuais ocidentais sustentavam.
Estes regimes eram o resultado da experiência utópica que levaram à realização dos ideais mais radicais do Iluminismo. A visão corrente do Islão como sendo anti ocidental é irreal. Em termos da mais simples imagem o mundo islâmico pertence à tradição ocidental do monoteísmo, e o radicalismo islâmico é de certa maneira um ramo do Leninismo e anarquismo – também elas ideologias do Ocidente. Como a União Soviética e a China Maoísta, os movimentos Islâmicos devem mais ao ocidente moderno, do que a nós ou a eles custa admitir.
“O Ocidente” é uma decrépita construção que muda de forma conforme as alterações geopolíticas e em termos culturais uma questão não resolvida." Excerto de texto de John Gray.

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