NOITE AMERICANA EM CARNAXIDE
"Compareci em casa de amigos para seguir a "superterça-feira" das "primárias" norte-americanas. E para enfrentar um dilema: queríamos a cobertura cómica ou a séria? A maioria escolheu a cómica, pelo que sintonizámos o televisor na Sic Notícias. Em cheio: de Nova Iorque, via telefone, o grande Luís Costa Ribas dissertava sobre eleições e democracia nos EUA. Em Lisboa, brilhavam Martim Cabral e o apresentador de serviço, aquele rapaz qualquer coisa Moutinho que veste fatos abotoados até ao queixo.
Moutinho abriu a sessão, ao jurar que os portugueses somente se interessam pela decisão entre Obama e Hillary. De seguida, Costa Ribas decretou que o facto de o interior dos EUA ter sido, em 2004, vastamente republicano, constitui um mau sinal. Talvez para nos poupar uma espera vã por bons sinais, Martim Cabral lembrou que a maioria do eleitorado americano é, cito, pouco sofisticada. Não esclareceu se por comparação com o eleitorado português ou com ele próprio.
Entretanto, Costa Ribas esbanjava perícia estratégica, ao afirmar que o conflito do Iraque, tal como o povo unido, jamais será vencido. Depois explicou que os imigrantes vão para os EUA à procura do Eldorado e terminam a trabalhar de sol a sol. A prová-lo, Costa Ribas fez uma reportagem em Newark com emigrantes portugueses, na qual concluiu que todos preferem Portugal aos EUA (excepto, presume-se, para arranjar emprego, criar família, comer, viver, respirar, etc.). De súbito, um entusiasmado Moutinho interrompeu a emissão com uma notícia de última hora: a emissão da Sic Notícias também estava a ser vista ("de costa a costa") pelos nossos compatriotas nos EUA.
De certeza? Eu suspeito que, cá ou lá, aquilo não foi visto por ninguém, a não ser por mim, pelos meus amigos e por mais uns pervertidos de idêntico calibre. Afinal, só a perversão garante o acompanhamento de um programa centrado numa fotografia de Costa Ribas e num longo telefonema de Costa Ribas, enriquecidos por palpites bizarros em estúdio e os planos de um "site" com gráficos. Após hora e meia, e sem que nada estivesse decidido na noite eleitoral, o programa acabou para que a Sic Notícias transmitisse imagens de uns carros às voltas. Relativamente contrafeitos, mudámos para a CNN e o mundo real. Ganhou-se em informação o que se perdeu em graça. E, presumo, na tal sofisticação."
Moutinho abriu a sessão, ao jurar que os portugueses somente se interessam pela decisão entre Obama e Hillary. De seguida, Costa Ribas decretou que o facto de o interior dos EUA ter sido, em 2004, vastamente republicano, constitui um mau sinal. Talvez para nos poupar uma espera vã por bons sinais, Martim Cabral lembrou que a maioria do eleitorado americano é, cito, pouco sofisticada. Não esclareceu se por comparação com o eleitorado português ou com ele próprio.
Entretanto, Costa Ribas esbanjava perícia estratégica, ao afirmar que o conflito do Iraque, tal como o povo unido, jamais será vencido. Depois explicou que os imigrantes vão para os EUA à procura do Eldorado e terminam a trabalhar de sol a sol. A prová-lo, Costa Ribas fez uma reportagem em Newark com emigrantes portugueses, na qual concluiu que todos preferem Portugal aos EUA (excepto, presume-se, para arranjar emprego, criar família, comer, viver, respirar, etc.). De súbito, um entusiasmado Moutinho interrompeu a emissão com uma notícia de última hora: a emissão da Sic Notícias também estava a ser vista ("de costa a costa") pelos nossos compatriotas nos EUA.
De certeza? Eu suspeito que, cá ou lá, aquilo não foi visto por ninguém, a não ser por mim, pelos meus amigos e por mais uns pervertidos de idêntico calibre. Afinal, só a perversão garante o acompanhamento de um programa centrado numa fotografia de Costa Ribas e num longo telefonema de Costa Ribas, enriquecidos por palpites bizarros em estúdio e os planos de um "site" com gráficos. Após hora e meia, e sem que nada estivesse decidido na noite eleitoral, o programa acabou para que a Sic Notícias transmitisse imagens de uns carros às voltas. Relativamente contrafeitos, mudámos para a CNN e o mundo real. Ganhou-se em informação o que se perdeu em graça. E, presumo, na tal sofisticação."
Alberto Gonçalves
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