segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O arrastão

"A economia portuguesa passou os últimos anos nos cuidados intensivos. Desemprego elevado, excesso de gordura pública, fraco pulsar do investimento. Recessão em 2003. O coração do país estava de rastos, incapaz de subir as escadas do crescimento. Faltava-lhe fôlego. Foi este o cenário que José Sócrates encontrou. Nos dois anos de Governo, o país apressou o passo, as exportações subiram, o investimento começou a traduzir este ciclo mais produtivo. Os números de 2007, os melhores dos últimos seis anos, reflectem o caminho percorrido. Os valores estão longe de ser fantásticos, já que Portugal, a par de França, é o país da Zona Euro que menos cresce: o contraste com Espanha permanece embaraçoso (1,9% para 3,9%). Ainda assim, a mudança existe, é palpável, alimenta razoáveis expectativas para este ano.

Alimenta mesmo? Vamos por partes. Metade do optimismo do Governo é justificado. Estão criadas as condições para que a melhoria se comece a materializar na vida das pessoas e das empresas, embora o desemprego precise de uma forte injecção de esteróides (leia-se investimento) para inverter a marcha. Para já – como veremos nos números do desemprego que o INE revelará hoje –, este objectivo de Sócrates continua, no entanto, longe de ganhar forma. Para baixar dos actuais 450 mil desempregados, a economia terá de crescer acima dos 2,5%. Conseguirá no meio da crise mundial?

Veremos. Para já, Sócrates monotoriza a economia como um médico acompanha um doente na sala de recobro: de olhos postos nos indicadores mais sensíveis. Crescimento, investimento, exportações, desemprego. Para o Governo, não há excesso de optimismo, há confiança legitimada pelo esforço feito até aqui. Para o trio Comissão Europeia-FMI-OCDE não é bem assim. É verdade que Portugal está melhor do que estava. Mas também é verdade que o contágio da crise mundial – e da provável recessão nos EUA e em Inglaterra –, terá repercussões internas. Ontem, os economistas do Banco Central Europeu cortaram em 0,3 pontos percentuais as previsões de crescimento Zona Euro para 2008. Neste contexto, Portugal dificilmente escapará à corrente adversa.

É verdade: num período de enorme incerteza torna-se ainda mais espinhoso avaliar os prejuízos que a crise pode provocar. É por isso que as projecções divergem tanto: é fácil cometer erros, para cima ou para baixo. Além disso, os fundos de Bruxelas começam a chegar ao país, impulsionando os investidores privados que, de outra forma, não teriam coragem para sair do papel. Sócrates acredita nesta dinâmica. O país precisa dela. Mas só há uma certeza: será um ano sem descanso.
"

André Macedo

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O Sr Macedo é um sistémico como o Sr, Metelo, não sei se com um se com dois Ls.
É irrelevante, são os homens dos fretes.
Oh Sr Macedo vá pentear macacos, porque não somos todos ursos.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008  

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