quarta-feira, fevereiro 13, 2008

O VÉU SOBRE A EUROPA

"Preocupado com a "exclusão" a que os muçulmanos se sentem votados no Reino Unido, o sr. Rowan Williams, Arcebispo da Cantuária e chefe da Igreja Anglicana, mostrou-se favorável à introdução da lei corânica no Reino Unido. O sr. Williams fez questão de notar que o avanço legislativo não incluiria os castigos "desumanos" da referida lei, nem as suas normas repressivas. Seria, portanto, uma selecção das partes suaves e "boas" da "sharia", o que se compreende. Não se compreende é de que forma isso aboliria as alegadas dificuldades de integração.

Por definição, um observante de Alá deve viver integralmente a sua fé, sem cedências ou meias medidas. Conceder-lhe um punhado de benesses e negar-lhe as restantes é levar uma criança à Toys'R'Us e, no final, oferecer-lhe um pião. É condenar o pobre a uma existência parcial e, provavelmente, ainda mais confusa e dilacerada do que a presente.

Já que a ideia do Arcebispo da Cantuária implica erradicar o estado de direito para consolo islâmico, importa que o consolo seja completo. A título de exemplo, o sr. Williams refere a adaptação do divórcio às normas da "sharia" (há menos de um ano, vagueou pela Comissão Europeia uma ideia parecida): o homem fica com a preferência da decisão e os filhos, a mulher fica com os bolsos vazios e o compromisso de esperar três menstruações antes de voltar a casar. Óptimo, porém vago e insuficiente.

E se o divórcio for motivado pelo adultério da mulher? A mim, não me repugna imaginar que, num balcão do registo civil, um casal de infiéis (no sentido religioso) resolva uma infidelidade (no sentido conjugal) com a típica, e relativamente civilizada, separação, enquanto no balcão ao lado um casal de muçulmanos encerra uma maçada semelhante com a autorização legal para a típica, e relativamente civilizada, lapidação da esposa.

As possibilidades são inesgotáveis e há que estar aberto a todas. Em nome da tolerância, o inglês médio tem de aceitar que um centro especializado em excisões conviva, paredes meias, com uma clínica de abortos. Ou que um indivíduo seja preso por embriaguez à porta de um bar repleto de bêbados. Ou que se enforquem homossexuais ao lado de manifestações do "orgulho gay". Com o tempo, e a ajuda de espíritos ecuménicos como o Arcebispo da Cantuária, o inglês médio, afundado em licenciosidade, ateísmo e deboche, respeitará sem restrições e sem remédio os bons muçulmanos que apenas querem levar uma vida devota e, nalguns casos, terminar com o deboche à bomba. E quem diz o inglês diz o europeu médio: ecumenismo unilateral e arcebispos da Cantuária não faltam por aí.
"

Alberto Gonçalves

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