quinta-feira, março 27, 2008

Os embustes

"Na pista de lançamento para as eleições de 2009, à boa maneira nacional, vamos entrar numa câmara virtual onde tudo é possível acontecer.

A pista. Já estamos no início da pista de lançamento para as eleições legislativas de 2009. Em boa verdade, o ano que se avizinha será um ano tomado por actos eleitorais, sendo que a agenda do país vai estar sob domínio do ping-pong político e da fantasia das promessas partidárias . Esqueça-se tudo o resto, em especial a governação nos seus aspectos de consequências mais conflituosas ou de opções mais musculadas, pois que à boa maneira nacional vamos entrar numa câmara virtual onde tudo é possível acontecer.

O arranque. Já começaram os recuos, manifestos em matéria de política de saúde e de política de educação, com o Governo, por um lado a apelar ao seu instinto guterrista e a pretender fazer-nos acreditar que se podem fazer reformas estruturais em diálogo. E por outro, a mostrar a sua marca genética estatizante e a impor o regresso do Estado como gestor directo de entidades que estavam sob parcerias público-privadas.

O passo atrás. Se as referidas parcerias representaram um passo em frente numa nova forma de abordar as funções do Estado, retirando-o de lá onde há quem desempenhe melhor, a medida anunciada por Sócrates num afã de somar simpatias à esquerda, representa dez passos atrás. Em nome da sua essência, o Governo socialista demonstra que está determinado em promover um novo centralismo do Estado, que desconfia da iniciativa privada, que não reconhece competência à sociedade civil e que prefere uma qualquer suposta eficiência do modelo de gestão estatal à eficiência dos modelos de gestão privados.

As medalhas. Neste percurso pré-eleitoral, preparemo-nos também para vermos o combate ao ‘deficit’ e o programa simplex elevados à condição de medalhas de ouro da governação. Não por acaso, logo dois dos maiores embustes da actuação do Governo socialista. É certo que pode apresentar resultados em matéria de ‘deficit’, mas também é certo que a propaganda omite deliberadamente o método utilizado para conseguir tão brilhantes números. O resultado é obtido à custa da receita, à custa de mais um garrote colocado no pescoço dos contribuintes. Isto, sem que do lado da despesa se verifique a mais pequena alteração, mantendo-se por isso, em toda a sua plenitude, o monstro da despesa pública. Há ainda o Simplex que vai servindo para publicitar as virtudes de uma reforma da administração pública, que, na sua essência, está a milhas de se ter verificado. O primeiro-ministro já deu mostras suficientes de que nunca irá empreender esta reforma . Se não o fez nos dois primeiros anos da governação, quando tinha todas as condições, não será a pouca distância dos actos eleitorais que vai ousar mexer numa matéria tão quente quanto susceptível de queimar votos.

Dedicatória. Os anteriores, o presente e os futuros artigos são especialmente dedicados a todos quantos não conseguem ver numa linha de opinião a expressão de um exercício de liberdade
."

Rita Marques Guedes

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