O ESQUERDISMO, ESSA DOENÇA INFANTIL
"O estadista Hugo Chávez proibiu a transmissão de Os Simpsons num canal privado da Venezuela, sob o pretexto de que a série televisiva constitui uma má influência para as crianças. Inevitavelmente, o gesto evoca outro dos grandes combates da esquerda latino-americana: a erradicação do Tio Patinhas.
Não brinco. A esquerda local também não: no Chile do dr. Allende, dois vigaristas, perdão, intelectuais publicaram Para Ler o Pato Donald, denúncia da contribuição da Disney para subjugar os oprimidos da Terra ao imperialismo dos EUA. Recorrendo a Marx, aos teóricos do subdesenvolvimento e aos Irmãos Metralha, Ariel Dorfman e Armand Mattelart tentaram provar que os bonecos do velho Walt suprimem o orgasmo, que a submissão de Donald ao tio distorce o conflito de classes e que a ordem de Patópolis (isto é, de Washington e da CIA) é racista, colonialista, capitalista e responsável pela pobreza na América Latina e na Terra em geral.
Dado que Para Ler o Pato Donald foi um sucesso mundial, Dorfman e Mattelart apenas conseguiram provar que o mundo está repleto de idiotas. Eu li o livrinho com onze ou doze anos e, nas limitações de um fedelho, achei durante cinco minutos que os argumentos (digamos) faziam sentido. Na América Latina e não só, houve gente crescida que o leu e que misteriosamente achou o mesmo. O facto diz menos sobre as intenções da Disney do que sobre a vocação paranóica da esquerda terceiro-mundista (uma redundância).
Uma vocação aliás intacta. Em 2008 como em 1972, as desgraças do Chile à Venezuela continuam a ser explicadas através da culpa alheia. Para os próceres desse marxismo folclórico (outra redundância), os países do Sul mantêm-se inimputáveis e permeáveis ao papão do Norte, que os ameaça com o Tio Sam ou com a Vovó Donalda. No fundo, eles lá sabem: cada criatura adopta as crenças que entende. E não se estranha que quem toma Boaventura Sousa Santos por um pensador se amedronte com Peninha ou com Homer. Nem se estranha que a abolição de Os Simpsons se justifique com a protecção das crianças. Apesar de o programa se dirigir a uma audiência adulta, o mesmo não se pode dizer de Chávez e do que Chávez representa."
Alberto Gonçalves
Não brinco. A esquerda local também não: no Chile do dr. Allende, dois vigaristas, perdão, intelectuais publicaram Para Ler o Pato Donald, denúncia da contribuição da Disney para subjugar os oprimidos da Terra ao imperialismo dos EUA. Recorrendo a Marx, aos teóricos do subdesenvolvimento e aos Irmãos Metralha, Ariel Dorfman e Armand Mattelart tentaram provar que os bonecos do velho Walt suprimem o orgasmo, que a submissão de Donald ao tio distorce o conflito de classes e que a ordem de Patópolis (isto é, de Washington e da CIA) é racista, colonialista, capitalista e responsável pela pobreza na América Latina e na Terra em geral.
Dado que Para Ler o Pato Donald foi um sucesso mundial, Dorfman e Mattelart apenas conseguiram provar que o mundo está repleto de idiotas. Eu li o livrinho com onze ou doze anos e, nas limitações de um fedelho, achei durante cinco minutos que os argumentos (digamos) faziam sentido. Na América Latina e não só, houve gente crescida que o leu e que misteriosamente achou o mesmo. O facto diz menos sobre as intenções da Disney do que sobre a vocação paranóica da esquerda terceiro-mundista (uma redundância).
Uma vocação aliás intacta. Em 2008 como em 1972, as desgraças do Chile à Venezuela continuam a ser explicadas através da culpa alheia. Para os próceres desse marxismo folclórico (outra redundância), os países do Sul mantêm-se inimputáveis e permeáveis ao papão do Norte, que os ameaça com o Tio Sam ou com a Vovó Donalda. No fundo, eles lá sabem: cada criatura adopta as crenças que entende. E não se estranha que quem toma Boaventura Sousa Santos por um pensador se amedronte com Peninha ou com Homer. Nem se estranha que a abolição de Os Simpsons se justifique com a protecção das crianças. Apesar de o programa se dirigir a uma audiência adulta, o mesmo não se pode dizer de Chávez e do que Chávez representa."
Alberto Gonçalves
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