Sócrates, o 'pivot' dos telejornais

"José Sócrates já se confunde com um pivot dos telejornais, que todos os dias (fora uma ou outra merecida folga) nos entra pela casa em uma, duas ou mais peças dos noticiários televisivos. Tantas vezes aparece agora no pequeno ecrã que se tornou mesmo um caso de sobreexposição mediática, com o risco de provocar efeitos contraproducentes.

Só nas últimas semanas e tentando não ser exaustivos, podem contabilizar-se duas dezenas de aparições públicas em horário nobre nas televisões. Sempre seguindo a cartilha de Jorge Coelho de não anunciar qualquer obra, projecto ou iniciativa que não possa ser anunciada várias vezes, tivemos Sócrates ao jantar na sua vertente rodoviária: concessionado a auto-estrada entre Viseu e Coimbra e o IC12 de Mortágua a Mangualde, lançando o projecto de recuperação da EN 125 no Algarve, inaugurando a Via Interna de Ligação ao porto de Leixões ou apresentando o novo troço rodoviário do Litoral Oeste entre Leiria e Alcobaça.

Na sua faceta empresarial, vimos Sócrates apadrinhar a nova fábrica petroquímica da Artemius, o edifício de investigação da Bial, a 1.ª pedra de uma unidade de fabrico de papel da Soporcel ou, ainda, a assinar contratos QREN com várias PME e o plano estratégico para o sector têxtil e do vestuário.

Na sua versão mediática mais apurada, a tecnológica, Sócrates apareceu-nos no lançamento da plataforma Logistics Park de Lisboa Norte, no Balcão de Cobrança de Dívidas por via electrónica, no encontro com jovens do Inovcontacto ou nos estágios TIC do Plano Tecnológico da Educação.

Tudo isto em pouco mais de uma dúzia de dias e de telejornais. Sem esquecer as adjudicações de barragens, o anúncio da reforma do mapa judiciário, a baixa do IVA em 1% ou as visitas a Unidades de Saúde Familiares. Incansável.

Talvez em consonância com os elogios de Jaime Gama ao presidente do governo regional da Madeira, Sócrates tenha decidido adoptar a táctica das pré-campanhas eleitorais de Jardim: todos os dias uma inauguração, uma nova obra, uma adjudicação, o que for.

Não se sabe é se a receita também resulta no Continente. E se conseguirá manter este ritmo frenético durante as 78 semanas que ainda o separam das eleições legislativas."

JAL