segunda-feira, abril 21, 2008

UMA CERTA GUERRA

"A vida do cónego Eduardo Melo não me inspira particulares arroubos. A morte inspira-me alguma curiosidade face aos obituários na imprensa, que naturalmente irão destacar a "figura polémica", a "personalidade complexa", o seu papel na reacção da igreja nortenha ao PREC, o envolvimento em "movimentos de extrema-direita", a suspeita de ter participado no assassínio do lendário padre Max, etc.

Tudo somado, teremos muita ponderação, muitos cuidados, muita objectividade, muito trabalho, pouco sentimento. Quando falece alguém do lado oposto, é um sossego: titula-se "morreu um grande antifascista" e o elogio fúnebre está vibrante e despachado. Só que combater o comunismo ainda não dá por aqui direito a aclamações e obituários concisos. Em Portugal, não morrem "grandes anticomunistas", sinal de que o cónego Melo, vencedor de algumas batalhas, perdeu uma certa guerra.
"

Alberto Gonçalves

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