sexta-feira, maio 09, 2008

Alugar casa.

"Por que é que, por esse país fora, mas sobretudo em Lisboa e Porto, há tanta casa devoluta que poderia estar no mercado de aluguer? Por uma razão simples ninguém quer arriscar abrir a porta a alguém que ao fim de um , dois ou três meses, não paga a renda, não sai da casa, obriga a chamar a Justiça, que então se percebe ser lenta, lenta, lenta até se conseguir um despejo. Os aborrecimentos não acabarão aí: como estará a casa? A precisar de obras para novo arrendamento? Obras? - E se uma reavaliação do prédio aumenta o valor do IMI? E o que das rendas se paga em imposto ao Estado compensará o risco de um inquilino indesejável?

Enfim, quando agora se ouve um secretário de Estado dizer que há "um novo paradigma" para o sector da habitação, os ouvidos dos senhorios só podem ficar alerta.

Mas os dos inquilinos também. Há uma série de novas soluções que estão a ser equacionadas que podem levar a um encontro de senhorios e inquilinos. Tributar apenas uma parte das rendas para incentivar os senhorios a colocar as casas no mercado, aumentar a dedução das rendas no IRS, para facilitar a vida aos inquilinos e desincentivar os de menores rendimentos a comprarem casas que, a partir de certa altura, não conseguem pagar são algumas das medidas óbvias que andam no ar. Ontem, ao apresentar o seu plano, o Governo mostrou saber que a actual situação não pode perdurar. Mostrou saber também que tem de ganhar as câmaras para esta batalha, que se alargará a cooperativas, ONG e promotores imobiliários.

Definir estratégias para a habitação é um passo importante. A estratégia deste país , o tal paradigma, não pode ser a de construir em massa, esperando que uma população de parcos rendimentos e seriamente ameaçada pelo desemprego consiga comprar as habitações que as grandes empresas do sector e uns quantos patos-bravos bem relacionados a nível local lhe impingem, com o beneplácito tácito do Estado
."

José Leite Pereira

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não deixa de ser um absurdo ser de novo o erário público a vítima do proteccionismo aos do costume. Se as leis de mercado funcionassem, os valores das casas tenderiam a baixar, bem como o nível especulativo e todos poderiam beneficiar. Mas não, continua-se a proteger os interesses de alguns, sempre os mesmos, sociedades financeiras/Bancos/construtoras/seguradoras que continuarão a especular, agora com o aval do estado, encapotado pelo incentivo aos mais desfavorecidos... é sempre o mesmo slogan!
E assim continua o circuito vicioso e viciado!

sábado, maio 10, 2008  

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