terça-feira, maio 27, 2008

As injustiças da crise

"Se o leitor mora longe da fronteira com Espanha e ainda tem dinheiro para abastecer o automóvel, tem reparado no aumento quase diário dos preços, como nunca se viu nos tempos modernos em Portugal.

O petróleo está caro, a Galp queixa-se do peso dos impostos nos combustíveis, mas a verdade é que ter uma bomba de gasolina cheia é melhor do que ter dinheiro depositado no banco. O valor aumenta de dia para dia. O Governo recusa intervir no sector e espera pelo famoso documento da Autoridade da Concorrência sobre se há ou não cartelização do mercado. O Governo também recusa baixar o imposto sobre os combustíveis. As idas a Espanha dos automobilistas e a poupança forçada dos automobilistas já se notam nas receitas fiscais cobradas este ano.

- De Janeiro a Abril do corrente ano a quebra das receitas do ISP ascende a cerca de 157 milhões de euros, face a igual período do ano anterior. Isto significa menos 1,2 milhões de euros por dia para o Fisco.

- A revisão em baixa do PIB já anunciada também significa que a receita fiscal será inferior ao previsto.

- Mil milhões de euros a menos no PIB este ano significam menos de 300 milhões para os cofres do Estado. Sócrates tem razão: é uma injustiça que a crise tenha acontecido. Mas a verdade é que ela está aí, e ninguém sabe a sua verdadeira dimensão. As famílias começam a defender-se como podem: consumindo e gastando menos
."

Armando Esteves Pereira

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