Cada vez mais portugueses recebem o salário mínimo

"É uma tendência recente, mas bem visível: no último ano e meio, o salário mínimo nacional ganhou peso na estrutura de remunerações em Portugal.

A explicação é simples: grande parte do emprego que tem vindo a ser criado pertence a sectores terciários como a restauração ou o pequeno comércio, com qualificações baixas e salários igualmente reduzidos. Apesar de o peso global ser relativamente pequeno – representando cerca de 5% dos trabalhadores dependentes – os economistas notam que a maior incidência do salário mínimo é um sinal do “ar dos tempos”: em primeiro lugar do crescimento anémico da economia, que ainda não tem capacidade suficiente para criar emprego nos sectores mais valorizados; depois, de uma maior precariedade do trabalho, uma vez que ao salário mínimo corresponde quase sempre um vínculo a prazo. Porque é importante, este último ponto tem sido central no debate actual sobre a reforma do Código do Trabalho, que pretende precisamente inverter esta tendência – um objectivo nobre mas que, enquanto a economia não começar mesmo a crescer, não será atingido."

Bruno Faria Lopes