sexta-feira, maio 23, 2008

Gasolina vendida a prestações

"O aumento do preço dos combustíveis em Portugal está a provocar alterações no hábitos de consumo dos automobilistas portugueses, que cada vez mais se deslocam a Espanha.

Algarve dá fiado

Com quase meio Algarve a ir já abastecer os carros a Espanha, só os cartões de frota e o regresso do velho «fiado» vão salvando os postos de combustível do Leste da região, onde já há despedimentos.

O apelo dos preços nos postos de Espanha - que chegam a menos 40 cêntimos por litro de gasolina do que em Portugal - vem chegando progressivamente às populações mais longínquas da fronteira e chegou nas últimas semanas a Tavira, a 30 quilómetros do Guadiana.

Muito mais próximo da fronteira, em Vila Real de Santo António, Miguel Salas, 38 anos, também da Galp, já teve vários clientes a pôr 50 cêntimos de combustível, o que deverá dar à justa para chegar ao posto da BP do outro lado do Guadiana, a cerca de seis quilómetros de distância por asfalto.

Mais pessimista, o seu colega da BP da EN125, próximo da rotunda de Monte Gordo - alguns quilómetros mais afastado da fronteira -, Manuel Godinho, 52 anos, afirma: «Este posto chegou a fazer sete mil contos [35 mil euros] por turno, mas hoje quando fazemos 1.500 euros já é muito», contabiliza, acrescentando que já dois colegas seus tiveram que ser dispensados.

O aumento dos combustíveis em Portugal está a ter efeitos graves em Vilar Formoso, com gasolineiras e lojas comerciais praticamente «às moscas» enquanto que em Fuentes de Oñoro (Espanha) se registam «enchentes».

Alentejo: dez postos encerrados

«Na zona fronteiriça de Elvas, as pessoas metem cinco euros de gasolina para conseguir passar para Espanha onde enchem os depósitos», relatou João Carpinteiro, responsável da empresa Combustíveis do Alto Alentejo (CAA), que representa 14 postos de abastecimento de combustíveis e faz a distribuição ao domicilio no Alto Alentejo.

Uma vez que «há cada vez mais portugueses a abastecer os seus veículos em Espanha», onde os preços praticados são inferiores, João Carpinteiro considera que a situação «está deixar desesperados os empresários portugueses do sector».

Em declarações à agência Lusa, o responsável da CAA lembrou que cerca de uma dezena de postos de abastecimento, situados na raia alentejana, já encerraram as portas, em 2007, devido à escalada dos preços dos combustíveis em Portugal
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