Gerações perdidas
"Que país é este em que há quem se congratule porque o desemprego desceu para 7,6%, quando mais de 400 mil continuam sem trabalho? Depois do choque dos números do crescimento, os dados do desemprego, que permitem a leitura de que a economia está a crescer abaixo das previsões mas está a criar emprego, foram um bálsamo para o Governo.
Conhecido o efeito arredondador das médias, a evolução positiva não resiste a uma análise detalhada: uma parte do efeito resulta do facto de milhares de pessoas terem desistido de procurar emprego, passando à condição de inactivos, desaparecendo, assim, das estatísticas.
Há outros detalhes inquietantes. É no segmento dos jovens entre os 25 e os 35 anos que o emprego mais cresceu mas, paradoxalmente, é nesse universo que proliferam as situações de precariedade e salários baixos, apesar das mais elevadas qualificações.
Cinco retratos de jovens urbanos, feitos pela jornalista Raquel Martins, nas páginas 20 e 21, dão bem a imagem de uma geração que, apesar de mais qualificada, se arrisca a viver pior do que os pais.
Pode argumentar-se que o problema é apenas da inadequação da formação superior às necessidades das empresas, com a opção por cursos de humanísticas e línguas em que a oferta de licenciados supera muito a procura. Essa é apenas uma parte da explicação porque há jovens qualificados, em áreas de défice nas empresas, como gestão, economia e engenharia, que avolumam os números do desemprego. Quando Portugal aparece internacionalmente mal colocado na qualidade de gestão das empresas, é a demonstração do atraso que levamos na necessária reestruturação empresarial do país.
As dificuldades de emprego dos mais jovens também são o reverso da medalha de uma legislação de trabalho desadequada à realidade, que favorece quem está instalado e prejudica quem quer entrar. Os salários baixos e os contratos a prazo ou os recibos verdes são a resposta das empresas à rigidez das leis laborais. Para o Governo, é mais importante facilitar o divórcio sem mútuo consentimento do que facilitar os despedimentos, com ou sem inadaptação.
Esquecido de que ao Estado cabe ser pessoa de bem, o Governo dá o pior exemplo. Porque é no universo do Estado que alastram as situações de contratos a termo e de recurso indevido a trabalho regular sob a fachada de prestação de serviços, tornando evidente que o Estado empregador vai ser dos mais penalizados com as propostas de tributação acrescida para estas situações avançadas pelo Estado legislador. Um caso paradigmático é o do programa Novas Oportunidades, para promover a qualificação de activos e desempregados, em que à ausência de uma relação de trabalho estável se somam atrasos no pagamento dos salários.
Os jovens, apesar de todos os problemas, têm ainda um longo caminho à sua frente. Pior estão os que são novos de mais para a reforma mas velhos demais para encontrarem um novo emprego. É esse segmento que abastece o batalhão dos inactivos e o que reclama políticas sociais.
Acabou o tempo dos empregos para toda a vida. O que em si não é positivo nem negativo. É apenas a realidade..."
Luísa Bessa
3 Comments:
É caminhando para o mar que um rio é fiel à sua fonte. E Deus; sim, Deus por tudo. E pelo caso de estar hoje, o seu corpo em celebração!? Deus não deu poder a nenhum homem para oprimir e explorar outro: e como reza a história! Os mais autênticos servidores de Cristo, foram sempre os maiores inimigos da tirania e da opressão. Se partirmos do princípio de que a Europa não é apenas uma herança do passado mas um projecto comum do futuro: e porque é possível viver de maneira diferente. Onde esse futuro já começou. Aqui, neste país, que se afasta cada vez mais desta realidade, é urgente uma concertação lúcida e fraternal para um novo crescimento; baseado nas necessidades reais de todos e não no actual contexto: nos esbanjamentos destinados a reforçar os lucros e o poder de alguns. Que não existe atalho político ou via fácil para lutar contra esta corrente...? A gente sabe! Para inventar um futuro inédito? Eu, mas quem sou eu, que importa isso? O facto é que estou instigando a plêiade de sábios europeus que elaboram as leis, que travem o mecanismo escondido com que os intermediários roubam ao mesmo tempo o pescador, o camponês e o consumidor. Só assim, poderá haver um mundo melhor!...
«A educação varia de uma casta para a outra; a dos patrícios não é a dos plebeus; a de Brama não é a de Sudra. Igualmente na Idade Média, que diferença entre a cultura que recebia o jovem pagem, instruído em todas as artes de cavalaria, e a do vilão que não ia à escola senão para aprender alguns magros elementos de cálculo, do canto e da gramática! Não vemos ainda hoje, a educação variar, com as classes sociais e até mesmo com o habitat? A da cidade não é a do campo, a do burguês não é a do operário» Durkheim (1978). O que foram os polícos fazer à escola? Qual a influência da escola nos resultados profissionais do bom aluno? Igualdade? Alguém reconhece (caso exista)o mérito de uma pessoa pobre na sociedade? E o mérito do Sr. médico ou engenheiro? etc Ministro... O povo tem que abrir os olhos? O peso da função pública, a corrupção...e a falta de gestão estão a destruir o país...Os lugares na função pública são sempre preenchidos a custa de «cunha»...Toda a gente sabe nínguem faz nada? Como? Como é possível que não consigamos garantir que os concursos públicos são sérios e seleccionam os melhores? Como? Porquê?
Façam as vossas reclamações aqui:
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Gabinetes/Gab_PM/
E já agora se realmente pusêssemos todos a mão na consciência talvez descobríssemos que o país está neste estado com a contribuição de todos! Afinal, quem dos que aqui refila votou nas últimas eleições? Quem cumpre os horários de trabalho e tem brio naquilo que faz? Quem não gasta acima das suas posses? Quem reclama quando tem razão e não apenas porque sim? Quem educa os seus e os próximos? Quem faz um esforço para que Portugal seja de facto um país melhor? Eu tento mas como todos tenho as minhas falhas, mas se todos tentarmos um pedacinho quem sabe podemos de facto sair da cauda da Europa, ou será, que é mais fácil dizer apenas que a culpa é dos genes? Afinal o problema se calhar é do peso da Teoria Darwinista em que ganha sempre o mais forte, mas o problema é que o Povo ainda não percebeu que é de facto o mais forte. Mas para se exigir dos outros é preciso exigirmos primeiro de nós!
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