UM HERÓI PORTUGUÊS
"O gravíssimo episódio dos cigarros apagou os outros reparos ao périplo venezuelano de Sócrates. É que algumas almas sensíveis a ditaduras condenaram a viagem de Sócrates à Venezuela como se a mesma fosse um folguedo sem pausas, a sorver daiquiris nas praias de Maracaíbo. Desde quando os sacrifícios de Estado são privilégio? Claro que Sócrates se encontrou com Chávez. E depois? A questão é justamente essa: Sócrates encontrou-se com Chávez. Quantos dos que o criticam teriam estômago para tanto?
Ao contrário do que se diz, o pior não é Chávez ser o típico tirano das bananas, dado à erradicação de liberdades, ao apoio de terroristas, a manifestações de megalomania pública e, em privado, a ter conversas consigo sobre o seu próprio destino. Com isso, e com o número crescente de miseráveis resultante do sucesso das políticas igualitárias locais, um homem civilizado pode relativamente bem. O pior é Chávez ser o boçal que é.
Tirando o romancista Sousa Tavares, que um dia confessou preferir almoçar com Chávez do que com George W. Bush, não sei de criatura normal que partilhe a preferência. Certo: Bush é mais rústico do que os seus defensores gostariam (e menos do que os seus detratores pretendem). Mas, em matéria de brutalidade, Chávez está fora de concurso.
Ver a criatura pela televisão já implica sangue-frio. Frequentar a mesma sala durante dois minutos deve ser coisa próxima da náusea, semelhante a assistir à "Tosca" no meio de claques da bola. Sócrates não se limitou a nada disso: a fim de arrancar uns barris de petróleo, confraternizou repetidamente com a criatura, ouviu a criatura citar Neruda e juntou-se à criatura numa prova de queijos portugueses. Aqui, atingiu-se o inultrapassável. O espectáculo de Chávez a degustar um serra mal curado enquanto evoca Bolívar e ri de boca aberta é insuportável para o ser humano médio.
Não é insuportável para Sócrates. E se é verdade que este fumou uns cigarros na viagem de ida, no lugar dele uma pessoa normal enchia-se de rum na viagem de volta. Para compensar o que afinal não bebeu na praia e, principalmente, para esquecer de vez a repugnante experiência. Apesar das suas fraquezas, em matéria de envergadura diplomática o primeiro-ministro é de uma dimensão desmedida. Um herói que, a troco da estabilidade petrolífera, penou por todos nós."
Alberto Gonçalves
Ao contrário do que se diz, o pior não é Chávez ser o típico tirano das bananas, dado à erradicação de liberdades, ao apoio de terroristas, a manifestações de megalomania pública e, em privado, a ter conversas consigo sobre o seu próprio destino. Com isso, e com o número crescente de miseráveis resultante do sucesso das políticas igualitárias locais, um homem civilizado pode relativamente bem. O pior é Chávez ser o boçal que é.
Tirando o romancista Sousa Tavares, que um dia confessou preferir almoçar com Chávez do que com George W. Bush, não sei de criatura normal que partilhe a preferência. Certo: Bush é mais rústico do que os seus defensores gostariam (e menos do que os seus detratores pretendem). Mas, em matéria de brutalidade, Chávez está fora de concurso.
Ver a criatura pela televisão já implica sangue-frio. Frequentar a mesma sala durante dois minutos deve ser coisa próxima da náusea, semelhante a assistir à "Tosca" no meio de claques da bola. Sócrates não se limitou a nada disso: a fim de arrancar uns barris de petróleo, confraternizou repetidamente com a criatura, ouviu a criatura citar Neruda e juntou-se à criatura numa prova de queijos portugueses. Aqui, atingiu-se o inultrapassável. O espectáculo de Chávez a degustar um serra mal curado enquanto evoca Bolívar e ri de boca aberta é insuportável para o ser humano médio.
Não é insuportável para Sócrates. E se é verdade que este fumou uns cigarros na viagem de ida, no lugar dele uma pessoa normal enchia-se de rum na viagem de volta. Para compensar o que afinal não bebeu na praia e, principalmente, para esquecer de vez a repugnante experiência. Apesar das suas fraquezas, em matéria de envergadura diplomática o primeiro-ministro é de uma dimensão desmedida. Um herói que, a troco da estabilidade petrolífera, penou por todos nós."
Alberto Gonçalves
3 Comments:
Façam as vossas reclamações aqui:
http://www.portugal.gov.pt/Portal/PT/Governos/Governos_Constitucionais/GC17/Gabinetes/Gab_PM/
E já agora se realmente pusêssemos todos a mão na consciência talvez descobríssemos que o país está neste estado com a contribuição de todos! Afinal, quem dos que aqui refila votou nas últimas eleições? Quem cumpre os horários de trabalho e tem brio naquilo que faz? Quem não gasta acima das suas posses? Quem reclama quando tem razão e não apenas porque sim? Quem educa os seus e os próximos? Quem faz um esforço para que Portugal seja de facto um país melhor? Eu tento mas como todos tenho as minhas falhas, mas se todos tentarmos um pedacinho quem sabe podemos de facto sair da cauda da Europa, ou será, que é mais fácil dizer apenas que a culpa é dos genes? Afinal o problema se calhar é do peso da Teoria Darwinista em que ganha sempre o mais forte, mas o problema é que o Povo ainda não percebeu que é de facto o mais forte. Mas para se exigir dos outros é preciso exigirmos primeiro de nós!
E é fartar descaramento: ainda ontem na AR, era ver o sr 1.º ministro, sorrindo e negando em tom jocoso, quando alguns membros da oposição protestavam acerca dos níveis de pobreza e dos novos pobres que se aferem em Portugal, entre outras situações sociais nada abonatórias nesta nossa precária economia (os pobres cada vez mais pobres e a classe média a extinguir-se paulatinamente). E agora afluem com novo "canto da sereia" de que os n.ºs/dados se referem ao ano de 2004 e bláa-blá-bá, mais as novas oportunidades e outros falsos engodos afins que vão “salvar a nação” de tal situação de pobreza e desigualdade já a rasar o trágico. A quem pensarão que ainda enganam estes Srs. do (des)governo deste país?
O método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o politico que também diz que é engenheiro), em que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica(É o método que consiste em parir idéias complexas a partir de perguntas simples e articuladas dentro dum contexto) e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que ele, Sócrates, é que tem sempre razão, sendo o conhecimento do povinho extramamente limitado. Detalhes sobre a vida de Sócrates -Não há evidência de que Sócrates tenha ele mesmo assinado o diploma de licenciatura em engenharia ( para isso era preciso muito engenho.) -As obras de não sei quem retratam Sócrates como um personagem cômico e sua representação não deve ser levada ao pé da letra. -Não se sabe ao certo qual o trabalho de Sócrates, se é que houve outro além da Filosofia( perdão, engenharia e politica). De acordo com algumas fontes, Sócrates aprendeu a profissão de mentideiro com seu pai. Na obra de não sei quem, Sócrates aparece declarando que se dedicava àquilo que ele considerava a arte ou ocupação mais importante: maiêutica, parto das idéias (grande aborto).Calaram-me.
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