No fio da navalha
"O título é o de um livro e de um autor nascido em França e criado na Inglaterra. William Somerset Maugham nasceu em 25 de janeiro de 1874, em Paris (França). A sua infância foi difícil: gago, ficou órfão aos 10 anos, sendo criado por um tio em Canterbury (Inglaterra).
Maugham cursou a faculdade de medicina em Londres. Sua experiência como médico foi transposta para o primeiro romance, Liza, A Pecadora (1897). Embora tenha tido pouco sucesso, Maugham abandona a medicina para dedicar-se à literatura.
Depois de viajar por Itália e Espanha, ele consegue o reconhecimento em 1908, com quatro peças teatrais simultaneamente em cartaz em Londres. Em 1915, lança o romance semi-autobiográfico Servidão Humana.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), Maugham trabalha como agente secreto. Em 1928, publica Ashenden, baseado nessas atividades. Vivia então em Cape Ferrat, na Riviera francesa. Durante a Segunda Guerra (1939-45), muda-se para os Estados Unidos --várias de suas obras serão filmadas em Hollywood. Volta para a França após o fim da guerra e morre em 16 de dezembro de 1965, em Nice.
Somerset Maugham é o autor de Histórias dos Mares do Sul (1921), Antes do Amanhecer (1942) e O Fio da Navalha (1944), entre muitos outros livros.
Sobre isso de navalhas há um provérbio hassídico que diz: A vida é um fio de navalha. De um lado, o Inferno. Do outro, o Inferno.
Então é esse o equilíbrio que Ela, a vida, a sonhada, a vôo sem asas, a agoniada transparente, a semilouca dos véus nos recobrindo, nomes por que foi chamada em Terra da sombra e do não, o terceiro livro de Andara, exige de nós? E o único Paraíso que temos ao nosso alcance consiste em nos mantermos delicadamente sobre o fio de uma lâmina: ou, como também se diz: por um fio? Como Advertência para depurarmos nossos tumultos humanos, aceitemos.
Mas olhem, é preciso sempre suspeitar, para além das sabedorias da Cabala, do rancor que impregna a mística hebraica.
Herança de que se fez herdeiro o misticismo católico, aquele que, contra a mansa vontade da vítima, que preferia oferecer a Outra Face, nos ofende com o peito aberto e o sangrento coração de Cristo pregado numa Cruz: segundo Suzuki, o sábio zen, imagem assustadora e insuportável para um oriental a quem, ao contrário, é oferecida à contemplação a imagem de um Buda sereno, os olhos fechados, placidamente em repouso sob uma árvore que os homens não abatem e talham e transformam em objecto de tortura em forma de cruz.
Nietzsche, em Assim falava Zaratustra, transmuda o fio da navalha em corda.
E diz: O homem é corda estendida entre o animal e o Para-além-do-homem: uma corda sobre um abismo. Perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
Não o super homem, mas o homem é superável…
Hoje, vivemos com o Inferno dos dois lados, uma existência neste pequeno país em tamanho, apoucado por todos os que o dominam e governam, estejam no governo ou nas oposições.
O silêncio a que se assiste é ensurdecedor, entrecortado por notícias de actos tresloucados de violência. Diria um observador que descesse dum qualquer paraíso, actos tresloucados e mal dirigidos, porque até os anjos podem pensar de forma vingadora.
Vai ser sempre assim?
É claro que haverá sempre que distrair a multidão ávida de violência, passando sempre primeiro pela penitência e pela abstracção, mas lá se chegará, porque de tanto se esticar a corda acabará por se partir.
Não há perdão para todos os que têm destruído este país e esta nação, não há perdão para o ar de gozo e de fingimento dos chamados altos responsáveis eleitos e a soldo de patrões sem qualquer noção de pátria.
A esses a desculpa é a usura, aos outros a desculpa não tem razão de ser.
Não é necessário dar exemplos, porque eles existem no dia a dia cada vez mais penoso dos que ficam e dos que partem para melhor viver.
É na injustiça desta sociedade que se forjam as violências e os actos tresloucados, porque os anjos, se existem por vezes pedem para ser vendados, já que a justiça, tirou a venda ou a máscara e baixou a espada, apenas a usando por dever de parecer, para parecer que existe e que cobra.
Será que o Homem Português ainda existe?
Aguardemos…"
Texto recebido por email.
Maugham cursou a faculdade de medicina em Londres. Sua experiência como médico foi transposta para o primeiro romance, Liza, A Pecadora (1897). Embora tenha tido pouco sucesso, Maugham abandona a medicina para dedicar-se à literatura.
Depois de viajar por Itália e Espanha, ele consegue o reconhecimento em 1908, com quatro peças teatrais simultaneamente em cartaz em Londres. Em 1915, lança o romance semi-autobiográfico Servidão Humana.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), Maugham trabalha como agente secreto. Em 1928, publica Ashenden, baseado nessas atividades. Vivia então em Cape Ferrat, na Riviera francesa. Durante a Segunda Guerra (1939-45), muda-se para os Estados Unidos --várias de suas obras serão filmadas em Hollywood. Volta para a França após o fim da guerra e morre em 16 de dezembro de 1965, em Nice.
Somerset Maugham é o autor de Histórias dos Mares do Sul (1921), Antes do Amanhecer (1942) e O Fio da Navalha (1944), entre muitos outros livros.
Sobre isso de navalhas há um provérbio hassídico que diz: A vida é um fio de navalha. De um lado, o Inferno. Do outro, o Inferno.
Então é esse o equilíbrio que Ela, a vida, a sonhada, a vôo sem asas, a agoniada transparente, a semilouca dos véus nos recobrindo, nomes por que foi chamada em Terra da sombra e do não, o terceiro livro de Andara, exige de nós? E o único Paraíso que temos ao nosso alcance consiste em nos mantermos delicadamente sobre o fio de uma lâmina: ou, como também se diz: por um fio? Como Advertência para depurarmos nossos tumultos humanos, aceitemos.
Mas olhem, é preciso sempre suspeitar, para além das sabedorias da Cabala, do rancor que impregna a mística hebraica.
Herança de que se fez herdeiro o misticismo católico, aquele que, contra a mansa vontade da vítima, que preferia oferecer a Outra Face, nos ofende com o peito aberto e o sangrento coração de Cristo pregado numa Cruz: segundo Suzuki, o sábio zen, imagem assustadora e insuportável para um oriental a quem, ao contrário, é oferecida à contemplação a imagem de um Buda sereno, os olhos fechados, placidamente em repouso sob uma árvore que os homens não abatem e talham e transformam em objecto de tortura em forma de cruz.
Nietzsche, em Assim falava Zaratustra, transmuda o fio da navalha em corda.
E diz: O homem é corda estendida entre o animal e o Para-além-do-homem: uma corda sobre um abismo. Perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.
Não o super homem, mas o homem é superável…
Hoje, vivemos com o Inferno dos dois lados, uma existência neste pequeno país em tamanho, apoucado por todos os que o dominam e governam, estejam no governo ou nas oposições.
O silêncio a que se assiste é ensurdecedor, entrecortado por notícias de actos tresloucados de violência. Diria um observador que descesse dum qualquer paraíso, actos tresloucados e mal dirigidos, porque até os anjos podem pensar de forma vingadora.
Vai ser sempre assim?
É claro que haverá sempre que distrair a multidão ávida de violência, passando sempre primeiro pela penitência e pela abstracção, mas lá se chegará, porque de tanto se esticar a corda acabará por se partir.
Não há perdão para todos os que têm destruído este país e esta nação, não há perdão para o ar de gozo e de fingimento dos chamados altos responsáveis eleitos e a soldo de patrões sem qualquer noção de pátria.
A esses a desculpa é a usura, aos outros a desculpa não tem razão de ser.
Não é necessário dar exemplos, porque eles existem no dia a dia cada vez mais penoso dos que ficam e dos que partem para melhor viver.
É na injustiça desta sociedade que se forjam as violências e os actos tresloucados, porque os anjos, se existem por vezes pedem para ser vendados, já que a justiça, tirou a venda ou a máscara e baixou a espada, apenas a usando por dever de parecer, para parecer que existe e que cobra.
Será que o Homem Português ainda existe?
Aguardemos…"
Texto recebido por email.
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