quinta-feira, junho 19, 2008

A inflação europeia e efeitos em Portugal

"A inflação continua a subir na Zona Euro. Atingiu o máximo histórico de 3,7%, em Maio último, sem fim da tendência altista à vista. Esta situação raia o dobro da chamada estabilidade de preços na zona euro (o equivalente a uma inflação inferior a 2%) fez com que o Banco Central Europeu (BCE) ficasse sem margem de manobra. Vendo a onda da subida dos preços encastelar-se a meses de distância - com o encarecimento de matérias-primas, combustíveis e bens alimentares -, resistiu aos apelos à descida do preço do euro, mantendo a taxa directora nos 4% de há um ano a esta parte. Mas a crista da onda tem vindo a crescer sempre, o que significa que as taxas de juro reais, o verdadeiro travão para uma oferta de moeda sobreaquecida, têm minguado na proporção inversa. De tal forma que as últimas taxas comerciais Euribor já incorporam inevitável subida de, pelo menos, 25 pontos-base, decretada pelo BCE na sua próxima reunião do mês de Julho.

Para Portugal, cuja anemia do crescimento económico se mede hoje numa inflação bem mais baixa (2,8%) do que a média da Zona Euro, tudo isto são más notícias. Dinheiro mais caro significa subida de encargos com a casa nova para 1,6 milhões de famílias portuguesas endividadas - sem contrapartida suficiente de aumentos no rendimento disponível. O sobreendividamento das famílias e a queda drástica da sua taxa de poupança constituem hoje o maior factor limitante do crescimento económico do País. Precisávamos de expansão da procura externa dirigida às exportações nacionais de bens e serviços, e não o contrário. Precisávamos de dinheiro mais barato para potenciar o investimento, e não o contrário.

Entrámos num clube (o euro) com uma quota de, apenas, 2% ( que é o nosso peso nesse todo). Mas o seu guardião monetário (o BCE) leva em conta a situação dos sócios maioritários, a Alemanha, a França, a Itália, e não a nossa!...
"

Editorial do DN

Divulgue o seu blog!