domingo, junho 08, 2008

Onde está a voz da rua?

"O protesto de 200 mil pessoas contra o Governo tem sido muito reduzido à questão de saber se o primeiro-ministro se impressionou ou não. Os 200 mil têm duas mensagens essenciais. Sócrates poderá não sentir-se impressionado mas seguramente retirará as devidas ilações. Sabe que não pode hipotecar algumas reformas a uma negociação política de controlo de danos – e nesse capítulo está o Código do Trabalho –, mas também sabe que, noutras situações, o poderá fazer.

Assim foi no caso da Saúde e dos professores. Teremos, por isso, até ao final da legislatura, um primeiro-ministro que dificilmente se deixará enredar no tipo de desgaste que levou António Guterres a cair e que procurará ser o único gestor da agenda política. Nesse sentido, não será ‘impressionável’ mas dificilmente deixará de escutar a voz de 200 mil.

Para os sindicatos, os 200 mil não significam o controlo da voz da rua, que são a soma de muitas motivações de protesto e não o resultado da tradicional mobilização enquadrada pela luta de classes. Isso não é uma boa notícia para o Governo mas também não é nenhuma carta de alforria para os sindicatos. A voz da rua está muito mais na formação silenciosa do voto do ‘centrão’ que não se manifesta. E é na luta por esses que Sócrates está. Resta saber o que está a fazer por esse decisivo milhão de eleitores
..."

Eduardo Dâmaso

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