Reverso
"Santana Lopes lamenta-se no seu blogue, com amarga e fina ironia, pelo facto de ter ficado mais uma vez de fora da “valsinha das medalhas” do “Dia da Raça”, como diziam os antigos.
Nesta República dos Obséquios, como lhe chama Jorge Palma, Santana Lopes será mesmo dos raros homens públicos e/ou semi-públicos que escaparam até hoje sem uma comenda, um crachá, uma cruz, uma fitinha, um penduricalho. Nada. Santana interroga-se no seu blogue: “Mais do que eu, quantos haverá?”. Ninguém, responde o romeiro de Almeida Garrett.
A amargura de Santana Lopes – o texto não chega à indignação, fica-se pela amaritude – tem termos de comparação. Teresa Gouveia foi secretária de Estado da Cultura 4 anos e saiu com uma medalha. Lopes ocupou o mesmo cargo 5 anos e… nada. Luís Marques Mendes foi agora agraciado, depois de ser líder do PSD e ministro. Santana foi líder do PPD/PSD e primeiro-ministro mas quanto a veneras, nicles. Santana lembra que foi autarca, presidente de duas Câmaras Municipais, uma das quais a da capital do país, mas quanto a insígnias ficaram no tinteiro. O que leva o ex-autarca, ex-líder do PPD/PSD, ex-secretário de Estado e ex-primeiro-ministro a concluir com indisfarçável agrura: “distinções destas não são para qualquer um, mesmo para quem esteja nas mesmas ou em melhores condições. É para quem é. E não temos nada com isso”.
O recente pranto e lamento de Santana Lopes, a propósito de mais um 10 de Junho sem medalha, é a letra revista do fado do “menino-guerreiro” para a música do “vou andar por aí”. O cadastro que Santana Lopes reconstitui no seu blogue é o reverso das medalhas: a vida pública do ex-quase-tudo ficou em geral a meio de qualquer coisa que acabou mal. "
João Paulo Guerra
Nesta República dos Obséquios, como lhe chama Jorge Palma, Santana Lopes será mesmo dos raros homens públicos e/ou semi-públicos que escaparam até hoje sem uma comenda, um crachá, uma cruz, uma fitinha, um penduricalho. Nada. Santana interroga-se no seu blogue: “Mais do que eu, quantos haverá?”. Ninguém, responde o romeiro de Almeida Garrett.
A amargura de Santana Lopes – o texto não chega à indignação, fica-se pela amaritude – tem termos de comparação. Teresa Gouveia foi secretária de Estado da Cultura 4 anos e saiu com uma medalha. Lopes ocupou o mesmo cargo 5 anos e… nada. Luís Marques Mendes foi agora agraciado, depois de ser líder do PSD e ministro. Santana foi líder do PPD/PSD e primeiro-ministro mas quanto a veneras, nicles. Santana lembra que foi autarca, presidente de duas Câmaras Municipais, uma das quais a da capital do país, mas quanto a insígnias ficaram no tinteiro. O que leva o ex-autarca, ex-líder do PPD/PSD, ex-secretário de Estado e ex-primeiro-ministro a concluir com indisfarçável agrura: “distinções destas não são para qualquer um, mesmo para quem esteja nas mesmas ou em melhores condições. É para quem é. E não temos nada com isso”.
O recente pranto e lamento de Santana Lopes, a propósito de mais um 10 de Junho sem medalha, é a letra revista do fado do “menino-guerreiro” para a música do “vou andar por aí”. O cadastro que Santana Lopes reconstitui no seu blogue é o reverso das medalhas: a vida pública do ex-quase-tudo ficou em geral a meio de qualquer coisa que acabou mal. "
João Paulo Guerra
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