quinta-feira, julho 10, 2008

Asterisco

"A diferença entre o futebol e o chamado “futebol português” é que em Portugal a bola não é redonda, não são apenas 11 de cada lado e a modalidade não se joga num campo aberto mas nas alfurjas dos interesses.

E é assim que, pela segunda vez nos últimos três anos, o sorteio do campeonato de futebol se faz com clubes com asterisco, que disputarão ou não a competição consoante se resolvam casos de polícia.

Um caso semelhante ao do “Apito” português resolveu-se em Itália em três meses. As instâncias do futebol pediram certidões de processos judiciais em curso, julgaram, condenaram e executaram as sentenças que os arguidos acataram e cumpriram. O processo italiano começou depois do “Apito” português e os clubes castigados já cumpriram os castigos. Por cá, é o que se tem visto, pelo meio de muita poeira lançada para o ar e para os olhos da opinião pública. Por exemplo: todos os agentes da bola e dos interesses clubistas consideram agora muito natural que uma equipa e um dirigente punidos pela justiça desportiva recorram para os tribunais administrativos e interponham providências cautelares. De facto, esta deveria ser a regra pois o recurso à justiça é um preceito dos estados de direito e não há, ou não deveria haver, estados dentro do Estado em Portugal. Deveria ser a regra mas não é. Em Portugal as regras têm duas caras e os regulamentos duas faces. E acontece que foi precisamente por recorrer aos tribunais judiciais no chamado “caso Mateus” que o Gil Vicente foi punido com a despromoção na época de 2006/2007.

Entretanto, o chamado “futebol português” conquistou um título com todo este enredo: deixou de ser uma simples vergonha nacional para passar a ser uma vergonha internacional
."

João Paulo Guerra

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