terça-feira, julho 01, 2008

Os Josés Sócrates

"Um empresário conhecido da praça teve um desabafo muito curioso: "Tenho muita pena que o Governo não tenha mais alguns Josés Sócrates."

O homem estava manifestamente desolado com o facto de ter feito um investimento de muitos milhões de euros num negócio de biocombustível, com o apoio do primeiro-ministro, e agora não conseguir colocar o produto no mercado porque o preço do combustível teria de aumentar um cêntimo. Apesar da tristeza com o investimento feito com o aval de José Sócrates, o empresário deste sítio não tem razão. Anda é distraído com os seus negócios, de um lado para o outro, e não se deu conta dos Josés Sócrates que andam por esses ministérios a substituir os que se julgam ministros do Governo.

Vejamos alguns casos. A ex-ministra da Cultura, sentada no Palácio da Ajuda, imaginava que mandava no sector e tinha poder para discutir e decidir alguma coisa. Meteu-se com o comendador Berardo e a sua colecção de arte moderna e acabou mal. O José Sócrates da Cultura chegou a acordo com o empresário madeirense e o Centro Cultural de Belém ficou por conta dos seus quadros, com o Estado a pagar-lhe uma verba pelo favor que o accionista do BCP fez aos indígenas.

Mário Lino, que ainda hoje pensa que é ministro das Obras Públicas, imaginava que o novo aeroporto seria na Ota. Enganou-se redondamente. O José Sócrates das Obras Públicas fez um negócio com a CIP, mandou o LNEC reapreciar uns estudos sobre a localização e o aeroporto foi parar a Alcochete. Rui Pereira, ministro da Administração Interna, imaginava que mandava na PSP e na GNR. Foi mandado para o Brasil na altura em que os camionistas ameaçavam bloquear o País e foi o José Sócrates da Administração Interna que chamou o director da PSP e o comandante da GNR para accionar um plano de acção caso não houvesse acordo com os amotinados. Mário Lino, que além das Obras Públicas imagina-se ministro dos Transportes, andou horas em reuniões com os camionistas. Mas foi o José Sócrates dos Transportes que acabou por decidir os termos do acordo com os camionistas.

Jaime Silva, que imaginava ser ministro da Agricultura, atirou umas pedradas às confederações do sector. O José Sócrates da Agricultura obrigou-o a dar o dito pelo não dito, desmentiu-o em público e pacificou os agricultores. A verdade é que o Governo deste sítio cada vez mais mal frequentado tem uma Branca de Neve chamada José Sócrates e uns tantos anões. Mais nada
."

António Ribeiro Ferreira

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