segunda-feira, julho 14, 2008

PREÇO FIXO (I)

"Em comissão parlamentar, um deputado do PCP deu nota de uma fraude inominável: a Galp de Viseu não reflectiu a baixa do IVA nos preços da botija de gás. O deputado, transido, agitava duas facturas a provar a horrenda acusação, e o hemiciclo (algum dia teria de usar a palavra) estremeceu. Burla. Vigarice. Roubo descarado. E no gás. Ainda por cima no gás de botija. Viseu não merecia semelhante pulhice.

Felizmente, os viseenses e os portugueses em geral contam com deputados implacáveis, atentos e comunistas. Felizmente, a pasta das Finanças é ocupada pelo dr. Teixeira dos Santos, que corou perante a notícia e decidiu pedir "explicações" imediatas, além de garantir ter instruído as "entidades fiscalizadoras" para "estarem atentas de modo a que a redução do IVA tenha repercussões efectivas nos preços". Felizmente, o pelouro da Economia está nas mãos do dr. Manuel Pinho, que não só corroborou as intenções do seu colega como requisitou investigações à Autoridade da Concorrência, explicações ao presidente da Galp e uma reunião "de urgência" ao eng. Nunes da ASAE.

Nesta fase dos acontecimentos, portanto, meio país anda por aí a averiguar os preços fixados pela outra metade. O episódio da botija de gás, que a Galp depois tentou justificar através de um patético "erro informático", foi apenas um simples, embora tenebroso, exemplo. Quem engana na botija engana no quilo de carvão de choça, na lata de tinta de esmalte e no pastel de nata. É fundamental garantir que as empresas, todas as empresas, não desatam a vender os seus produtos pelo valor que entendem. Se desatassem, onde iríamos chegar? Provavelmente, a um país civilizado e "normal", tragédia a evitar a qualquer preço (desde que revisto em função do IVA)
."

Alberto Gonçalves

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