Distâncias
"As opções de voto dos eleitores dos EUA estão muito longe de expressar a onda de entusiasmo que por aí vai com a candidatura de Obama.
O Atlântico que nos separa. Os resultados das sondagens efectuadas sobre as opções de voto dos eleitores dos EUA estão muito longe de expressar a onda de entusiasmo que por aí vai com a candidatura de Obama, em especial por essa Europa fora. O mais recente estudo de opinião do Instituto Gallup, realizado entre 31 de Julho e 2 de Agosto, com uma margem de erro de 2%, apresenta um empate entre Obama e McCann, nos 44%. Olhando para estes números, dir-se-á que o périplo internacional de Obama não terá tido o impacto interno positivo que se esperava, bem pelo contrário. Se outros factos não existissem, e existem, este serviria desde já para demonstrar a enorme diferença entre a realidade eleitoral nos EUA e o ‘wishful thinking’ que atravessa a Europa. Uma Europa a colocar todas as fichas da sua expectativa numa vitória do candidato democrata, chegando ao ponto de a olhar como a mola que impulsionará o mundo para fora do buraco da crise. Além de precipitada, tal aposta afigura-se profundamente errada no que representa de sustentação num certo registo providencial que desesperada e artificialmente se procura colar a Obama.
A dimensão do ego. António Borges, vice- presidente do PSD depois de vice-presidente ou presidente ou administrador de inúmeras entidades nacionais e internacionais de reconhecidíssimo prestígio, tem-se encarregue de colmatar as ausências da líder do PSD, numa multiplicidade de intervenções, todas elas de oportunidade absolutamente certeira, de conteúdo com inequívoco interesse, de manifesta espessura intelectual e a revelarem um inigualável bom senso político. Leia-se um artigo em que refere ser tempo de fortalecer a iniciativa privada, atente-se numa entrevista em que considera não dever o Estado estar presente na Caixa Geral de Depósitos, anotem-se as mais diversas intervenções a propósito do gabinete de estudos do partido, uma estrutura que, na intensidade como a apresenta, mais parece vir a tornar-se uma liderança sombra a fazer sombra à liderança de Manuela Ferreira Leite. Não há pois razões para preocupação: se a líder do PSD, ao que se diz, não produz uma ideia, Borges produz e apresenta-as por ela; se a líder dá uma entrevista ao jornal de maior circulação sem que nada de significativo resulte a não ser a sua pouca vontade em ser fotografada, Borges tira o casaco, arregaça as mangas da camisa, posa para a fotografia e ei-lo nas páginas do Diário Económico sustentado no seu próprio brilho, onde não se inibe de afirmar o contrário precisamente daquelas que são as poucas opções políticas que se reconhecem como defendidas pela líder do seu partido. Não, não é Agosto ou a chamada ‘silly season’. É António Borges ... e a sua, enorme, circunstância. "
Rita Marques Guedes
O Atlântico que nos separa. Os resultados das sondagens efectuadas sobre as opções de voto dos eleitores dos EUA estão muito longe de expressar a onda de entusiasmo que por aí vai com a candidatura de Obama, em especial por essa Europa fora. O mais recente estudo de opinião do Instituto Gallup, realizado entre 31 de Julho e 2 de Agosto, com uma margem de erro de 2%, apresenta um empate entre Obama e McCann, nos 44%. Olhando para estes números, dir-se-á que o périplo internacional de Obama não terá tido o impacto interno positivo que se esperava, bem pelo contrário. Se outros factos não existissem, e existem, este serviria desde já para demonstrar a enorme diferença entre a realidade eleitoral nos EUA e o ‘wishful thinking’ que atravessa a Europa. Uma Europa a colocar todas as fichas da sua expectativa numa vitória do candidato democrata, chegando ao ponto de a olhar como a mola que impulsionará o mundo para fora do buraco da crise. Além de precipitada, tal aposta afigura-se profundamente errada no que representa de sustentação num certo registo providencial que desesperada e artificialmente se procura colar a Obama.
A dimensão do ego. António Borges, vice- presidente do PSD depois de vice-presidente ou presidente ou administrador de inúmeras entidades nacionais e internacionais de reconhecidíssimo prestígio, tem-se encarregue de colmatar as ausências da líder do PSD, numa multiplicidade de intervenções, todas elas de oportunidade absolutamente certeira, de conteúdo com inequívoco interesse, de manifesta espessura intelectual e a revelarem um inigualável bom senso político. Leia-se um artigo em que refere ser tempo de fortalecer a iniciativa privada, atente-se numa entrevista em que considera não dever o Estado estar presente na Caixa Geral de Depósitos, anotem-se as mais diversas intervenções a propósito do gabinete de estudos do partido, uma estrutura que, na intensidade como a apresenta, mais parece vir a tornar-se uma liderança sombra a fazer sombra à liderança de Manuela Ferreira Leite. Não há pois razões para preocupação: se a líder do PSD, ao que se diz, não produz uma ideia, Borges produz e apresenta-as por ela; se a líder dá uma entrevista ao jornal de maior circulação sem que nada de significativo resulte a não ser a sua pouca vontade em ser fotografada, Borges tira o casaco, arregaça as mangas da camisa, posa para a fotografia e ei-lo nas páginas do Diário Económico sustentado no seu próprio brilho, onde não se inibe de afirmar o contrário precisamente daquelas que são as poucas opções políticas que se reconhecem como defendidas pela líder do seu partido. Não, não é Agosto ou a chamada ‘silly season’. É António Borges ... e a sua, enorme, circunstância. "
Rita Marques Guedes
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