À espera de Trichet

"O dinheiro gasto com o crédito à habitação dos portugueses que viram neste mês actualizada a prestação bateu novos recordes. E a má notícia é que as pessoas que renovam os prazos dos empréstimos em Setembro ainda vão pagar mais se continuar a escalada crescente da Euribor.

A taxa de referência mais utilizada nos empréstimos para a compra de casa, a Euribor a seis meses, chegou ontem a novo máximo desde o ano 2000, nos 5,16%. Esta taxa está muito acima dos 4,25% da taxa directora do BCE. Uma diferença tão grande entre as duas taxas também é reflexo da crise financeira e da maior dificuldade de acesso dos bancos a dinheiro para emprestarem.

Hoje, o conselho de governadores do BCE reúne--se e, provavelmente, os patrões do euro vão optar por manter as taxas de juro. Um sinal de subida seria desastroso para a frágil economia europeia. Mas os mercados vão estar especialmente atentos ao habitual discurso de Jean-Claude Trichet, presidente da autoridade monetária europeia. Se Trichet sinalizar que os perigos da inflação ainda podem levar a futuros aumentos dos juros é uma má notícia. Se confiar num abrandamento da inflação, podem dissipar-se algumas nuvens negras no horizonte."

Armando Esteves Pereira