DIVÓRCIO ESCANDALOSO
"Por acaso, discordo do veto presidencial à lei do divórcio. Já escrevi aqui, e não tive entretanto motivos para mudar de ideias, que o casamento unilateral deve ser bem mais tortuoso do que o divórcio (relativamente) unilateral. Além disso, não compreendi um dos principais argumentos do prof. Cavaco, que se opõe a que o marido que "agride a mulher ao longo dos anos" possa "obter o divórcio independentemente da vontade da vítima de maus tratos". A "vítima de maus tratos" não abdica dos ditos? As referências femininas do prof. Cavaco devem habitar regiões profundas do masoquismo.
Dito isto, também não consigo alcançar a ira da esquerda perante o veto e o encanto da esquerda com a nova lei. Ouvi por aí críticas ao "conservadorismo retrógrado" de Cavaco e louvores à "mudança civilizacional" que o regime proposto representa.
O escândalo é exagerado. Não é inédito: desde que vindas da esquerda, até as medidas decentes chegam envoltas em pompa regeneradora e fardas de guerrilha. Se contrariadas, as medidas justificam logo a devoção à "causa" e os apelos à "luta", ainda que ninguém perceba o ardor de uma e a necessidade da outra. Para os senhores da esquerda, cada insignificância social convoca de imediato as massas para a defesa dos direitos civis, sempre brutalmente ameaçados e a reclamar "fracturas" urgentes. Os senhores da esquerda só não comparam as nossas liberdades às vigentes no Irão porque, no fundo ou nem sequer no fundo, acham o Irão uma sociedade tolerável. Os senhores da esquerda são completamente desconexos e mortalmente chatos. Imaginemos a infeliz que se casou com um por descuido: a que desumano martírio pretende o prof. Cavaco condená-la?"
Alberto Gonçalves
Dito isto, também não consigo alcançar a ira da esquerda perante o veto e o encanto da esquerda com a nova lei. Ouvi por aí críticas ao "conservadorismo retrógrado" de Cavaco e louvores à "mudança civilizacional" que o regime proposto representa.
O escândalo é exagerado. Não é inédito: desde que vindas da esquerda, até as medidas decentes chegam envoltas em pompa regeneradora e fardas de guerrilha. Se contrariadas, as medidas justificam logo a devoção à "causa" e os apelos à "luta", ainda que ninguém perceba o ardor de uma e a necessidade da outra. Para os senhores da esquerda, cada insignificância social convoca de imediato as massas para a defesa dos direitos civis, sempre brutalmente ameaçados e a reclamar "fracturas" urgentes. Os senhores da esquerda só não comparam as nossas liberdades às vigentes no Irão porque, no fundo ou nem sequer no fundo, acham o Irão uma sociedade tolerável. Os senhores da esquerda são completamente desconexos e mortalmente chatos. Imaginemos a infeliz que se casou com um por descuido: a que desumano martírio pretende o prof. Cavaco condená-la?"
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