MUDAR DE ASSUNTO
"Noam Chomsky, um trapaceiro bem sucedido, apressou-se a comparar desfavoravelmente a gravidade do 11 de Setembro à do bombardeamento ordenado por Clinton, em 1998, a uma fábrica de armas químicas no Sudão (na realidade um laboratório farmacêutico), em que morreu uma pessoa. As três mil vítimas do World Trade Center? Uma chatice, mas a "moral" (a moral dele) obrigava a lamentar principalmente a solitária vítima sudanesa. À época, Chomsky já havia desvalorizado o milhão e tal de falecidos às mãos do estimável Pol Pot. Se falavam de Pol Pot ao professor do MIT, o professor mudava de assunto: e o Chile?
Mudar de assunto é a técnica predilecta dos profetas da esquerda lunática quando o assunto não serve as grelhas ideológicas que lhes definem a existência e o culto que lhes paga as palestras e os livrinhos. Cada inominável barbárie cometida em nome do socialismo, do islamismo ou da toleima em voga é sempre desprezada em benefício da ênfase nas maldades que, com razão ou sem ela, se convencionou imputar ao Satã do costume. O pressuposto é o de que quase não há mal relevante na Terra que não seja infligido pelos EUA. O "quase" diz respeito a Israel.
Nos últimos dias, Telavive correspondeu ao pedido de abrigo feito por 180 militantes da Fatah (alguns suspeitos de terrorismo contra Israel) em fuga de Gaza, do Hamas e de um destino pouco auspicioso. Israel acolheu-os e preparou-se para depositá-los ao cuidado do respectivo chefe, em Ramallah. Aflito com o eventual efeito de contágio da debandada num território que não controla, o sr. Abbas da Autoridade Palestiniana proibiu a entrada do grupo na Cisjordânia e exigiu que Israel os remetesse de volta a Gaza. Israel enviou 32 (ou 35) dos foragidos, imediatamente presos pelo Hamas e possivelmente pouco mimados em seguida. Israel não acedeu a enviar mais ninguém. O sr. Abbas protestou e, após negociações, lá se resignou a receber e a poupar a vida das restantes 148 (ou 145) criaturas que, extraordinariamente, o apoiam.
A crueldade do episódio, em que um alegado chefe de um alegado estado prefere sacrificar uma centena e tal dos seus partidários a engolir uma derrota simbólica prova, se preciso fosse, o tipo de valores em jogo na "luta" palestiniana.
Acontece que o impacto disto durou, se durou, meio minuto. Num ápice, a indignação dos media internacionais atirou-se à notícia, curiosamente lançada em simultâneo, de que os serviços médicos israelitas aproveitam a dependência de alguns pacientes palestinianos para tentar extrair-lhes informações e convertê-los à pequena espionagem. Uma trivialidade em contexto de guerra? Nada disso: um escândalo danado, que permitiu evitar questões sobre o facto de Israel tratar os inimigos que juraram a sua destruição e, principalmente, sobre o facto de os seus inimigos escolherem Israel na doença e em todas as situações que requerem o esboço de humanidade ausente em ambos os bandos que mandam na "Palestina". Face à desagradável evidência, porém, a esquerda que passa por "opinião pública" mudou de assunto. Para não descrevermos o método com os adjectivos que o método sugere, é melhor imitarmos a esquerda."
Alberto Gonçalves
Mudar de assunto é a técnica predilecta dos profetas da esquerda lunática quando o assunto não serve as grelhas ideológicas que lhes definem a existência e o culto que lhes paga as palestras e os livrinhos. Cada inominável barbárie cometida em nome do socialismo, do islamismo ou da toleima em voga é sempre desprezada em benefício da ênfase nas maldades que, com razão ou sem ela, se convencionou imputar ao Satã do costume. O pressuposto é o de que quase não há mal relevante na Terra que não seja infligido pelos EUA. O "quase" diz respeito a Israel.
Nos últimos dias, Telavive correspondeu ao pedido de abrigo feito por 180 militantes da Fatah (alguns suspeitos de terrorismo contra Israel) em fuga de Gaza, do Hamas e de um destino pouco auspicioso. Israel acolheu-os e preparou-se para depositá-los ao cuidado do respectivo chefe, em Ramallah. Aflito com o eventual efeito de contágio da debandada num território que não controla, o sr. Abbas da Autoridade Palestiniana proibiu a entrada do grupo na Cisjordânia e exigiu que Israel os remetesse de volta a Gaza. Israel enviou 32 (ou 35) dos foragidos, imediatamente presos pelo Hamas e possivelmente pouco mimados em seguida. Israel não acedeu a enviar mais ninguém. O sr. Abbas protestou e, após negociações, lá se resignou a receber e a poupar a vida das restantes 148 (ou 145) criaturas que, extraordinariamente, o apoiam.
A crueldade do episódio, em que um alegado chefe de um alegado estado prefere sacrificar uma centena e tal dos seus partidários a engolir uma derrota simbólica prova, se preciso fosse, o tipo de valores em jogo na "luta" palestiniana.
Acontece que o impacto disto durou, se durou, meio minuto. Num ápice, a indignação dos media internacionais atirou-se à notícia, curiosamente lançada em simultâneo, de que os serviços médicos israelitas aproveitam a dependência de alguns pacientes palestinianos para tentar extrair-lhes informações e convertê-los à pequena espionagem. Uma trivialidade em contexto de guerra? Nada disso: um escândalo danado, que permitiu evitar questões sobre o facto de Israel tratar os inimigos que juraram a sua destruição e, principalmente, sobre o facto de os seus inimigos escolherem Israel na doença e em todas as situações que requerem o esboço de humanidade ausente em ambos os bandos que mandam na "Palestina". Face à desagradável evidência, porém, a esquerda que passa por "opinião pública" mudou de assunto. Para não descrevermos o método com os adjectivos que o método sugere, é melhor imitarmos a esquerda."
Alberto Gonçalves
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