sexta-feira, agosto 01, 2008

O segredo dos segredos


No mundo que conhecemos existem os guardadores dos segredos e a grande imensidão de submissos, o grande rebanho.
Os guardiães, a quem foram confiados os segredos, vão zelar pelo grande rebanho de submissos, mesmo que alguns rebeldes se extraviem, esses irão tremer perante a ira e o castigo e de novo rastejarão até aos guardadores de consciências.
Não serão escondidos quaisquer segredos, serão os fracos que contarão todas as suas fraquezas, todos os seus pecados, todos, mesmo os mais dolorosos da sua consciência, porque os guardadores, os novos guardiães, tomarão a seu cargo tudo, desde que a obediência seja cega.
Esta foi a liberdade que os humanos ganharam, a liberdade de que decidam por eles, que tomem as decisões por eles, que possam ter ou não ter filhos, que a educação dos mesmos seja feita por desconhecidos, que os mesmos filhos possam ser ou não desejados e atirados depois de mortos, para monturos devidamente esterilizados, como convém, afinal os guardiães são gente como todos os outros, apenas se lhes conhece a responsabilidade de dominarem o imenso rebanho.
Nada mais poderão saber deles, porque têm os juízes e os cães de fila que não hesitarão em os afocinhar de novo na lama.
Sempre que surgir uma ovelha mais destemperada ou curiosa, ser-lhe-á respondido se não foi esse o desejo da maioria, afinal não é essa a essência da democracia?
Perguntarão os guardiães dos rebanhos deste mundo:
Afinal o que quereis?
Já não decidistes, através de braço no ar ou pelos papelinhos onde lhes mandaram colocar a cruz?
Claro que todos devem ser iguais perante nós, porque nós, os guardiães assim ordenamos, afinal foram vocês que decidiram; desde o mais manhoso, o mais estúpido, porque assim o desejou a natureza, o mais santo, o mais trabalhador, o ladrão, o pedófilo e abusador de crianças, a mulher séria, como a prostituta de rua ou a de luxo, o que pensa que tudo sabe, os contadores de histórias, os assassinos não condenados ou libertados antes de tempo, todos vós que fazem parte do rebanho nos devem obediência.
Foram vocês que nos delegaram esses poderes através da vossa preguiça de pensar e própria dos fracos.
Não se queixem!
Estes novos guardiães, tão novos de hábitos como o mais velho das antigas tribos de humanos, são os que hoje dão a democracia, em troco de lhes tratarem das vidas, de resolverem problemas do dia a dia porque há muito deixaram de pensar, entregaram a consciência e os seus segredos e se não a entregaram, os tais guardiães encarregaram-se de mandar os esbirros verificar se este está alinhado com aquele e se não destoa do outro.
É este o segredo dos segredos, como na parábola do Grande Inquisidor de Fiódor Dostoiévski.

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