Robin Hood sem pontaria
"O Governo decidiu vender os 7% que ainda detém na Galp que, aos preços de fecho de ontem, permitirão um encaixe de 691 milhões de euros aos cofres públicos, cobrindo a quase totalidade das necessidades previstas no Orçamento do Estado em receitas de privatizações.
Uma boa cartada? Talvez ainda venha a ser. Mas dificilmente poderia ter sido pior jogada.
Recuemos alguns dias no tempo, até 10 de Julho. Nessa manhã, antes da abertura da bolsa, a Galp valia 11,6 mil milhões de euros. A meio do dia, José Sócrates anunciava que iria aplicar um imposto sobre as mais valias da empresa na gestão dos seus ‘stocks’ de crude – a famosa taxa Robin dos Bosques. Ao final do dia, a empresa valia menos 5%. Ao fim de cinco dias tinha perdido 20%. Em números redondos, os accionistas da Galp perdiam 1,75 milhões de euros. Um accionista em particular, o próprio Estado – todos nós, portanto – perdia 122 milhões de euros.
Não viria daí grande mal ao erário público. O Estado não é obrigado a levar a desvalorização das suas participaçõs financeiras ao défice – a tal obrigação que arrasou os lucros dos bancos no primeiro semestre. As perdas na Galp seriam, assim, apenas no papel. Tudo isso muda quando o Estado decide colocar à venda a sua participação. Ao valor de fecho de ontem, o rombo na valorização dos 7% da Galp desde aquela manhã de Julho é superior às receitas que o Estado fará com a taxa – 110 milhões de euros, segundo a Galp, se tivesse sido aplicada no primeiro trimestre do ano. Esta não é a melhor forma de gerir carteiras de acções em empresas cotadas.
Valeu ao Governo a intervenção dos italianos da Eni, os maiores accionistas da petrolífera, a par da Amorim Energia. Em Itália, na apresentação de resultados, o presidente da empresa, Paolo Scaroni, anunciou que pretende sair da Galp ou dominá-la na totalidade. A perspectiva de uma batalha pelo controlo da empresa liderada por Ferreira de Oliveira fez os títulos subirem mais de 6%, limitando os danos colaterais.
Este aspecto positivo tem, no entanto, um reverso – é mais um indicador de que a relação entre a Eni e os seus sócios portugueses, que nunca foi de paixão, é agora de mera convivência. Ao afirmar estar disposto a comprar a Galp, Scaroni inflacionou o preço para melhor negociar a sua venda. Alguém no ministério das Finanças devia fazer um estágio sobre gestão de participações financeiras em Roma."
Pedro Marques Pereira
Uma boa cartada? Talvez ainda venha a ser. Mas dificilmente poderia ter sido pior jogada.
Recuemos alguns dias no tempo, até 10 de Julho. Nessa manhã, antes da abertura da bolsa, a Galp valia 11,6 mil milhões de euros. A meio do dia, José Sócrates anunciava que iria aplicar um imposto sobre as mais valias da empresa na gestão dos seus ‘stocks’ de crude – a famosa taxa Robin dos Bosques. Ao final do dia, a empresa valia menos 5%. Ao fim de cinco dias tinha perdido 20%. Em números redondos, os accionistas da Galp perdiam 1,75 milhões de euros. Um accionista em particular, o próprio Estado – todos nós, portanto – perdia 122 milhões de euros.
Não viria daí grande mal ao erário público. O Estado não é obrigado a levar a desvalorização das suas participaçõs financeiras ao défice – a tal obrigação que arrasou os lucros dos bancos no primeiro semestre. As perdas na Galp seriam, assim, apenas no papel. Tudo isso muda quando o Estado decide colocar à venda a sua participação. Ao valor de fecho de ontem, o rombo na valorização dos 7% da Galp desde aquela manhã de Julho é superior às receitas que o Estado fará com a taxa – 110 milhões de euros, segundo a Galp, se tivesse sido aplicada no primeiro trimestre do ano. Esta não é a melhor forma de gerir carteiras de acções em empresas cotadas.
Valeu ao Governo a intervenção dos italianos da Eni, os maiores accionistas da petrolífera, a par da Amorim Energia. Em Itália, na apresentação de resultados, o presidente da empresa, Paolo Scaroni, anunciou que pretende sair da Galp ou dominá-la na totalidade. A perspectiva de uma batalha pelo controlo da empresa liderada por Ferreira de Oliveira fez os títulos subirem mais de 6%, limitando os danos colaterais.
Este aspecto positivo tem, no entanto, um reverso – é mais um indicador de que a relação entre a Eni e os seus sócios portugueses, que nunca foi de paixão, é agora de mera convivência. Ao afirmar estar disposto a comprar a Galp, Scaroni inflacionou o preço para melhor negociar a sua venda. Alguém no ministério das Finanças devia fazer um estágio sobre gestão de participações financeiras em Roma."
Pedro Marques Pereira
3 Comments:
E quem disse ao Senhor Pedro que Estado existe?
Quem disse que a conveniência ou a jogada de conveniência serve o estado do sítio?
Servirá os interesses de políticos instalados.
Se houvesse Estado o Sr Ministro e o Sr PM seriam chamdos pelo Sr PR e investigados pelos tribunais.
Acho que se justificam escutas, afinal este é o estado do sítio.
O governo anterior é que fazia destas manigâncias.
Este governo não vende o património para regularizar as contas.
Este governo aliena as suas participações nas empresas que eram dele para benefeciar os seus futuros patrões.
Casos de:
Estradas de Portugal
Luso Ponte
EDP
Telefónicas
Galps
Águas
merda para este socialismo e mais para quem o inventou
Estes são piores que os outros?
Bem diria que são exactamente iguais.
Quem fez o negócio da Lusoponte, para já não falar na ponte em si.
Quem alienou a PT.
Digamos que venderam uma antena e depois o estado aluga essa antena através de uma EP, a pagar por ano mais caro do que vendeu.
O negócio da energia?
Os submarinos?
Digamos que caro anónimo todos eles vão ter patrões, daí servirem, não este estado mas os donos da sua vontade.
O neoliberalismo seguiu a cartilha vamos ver o que se segue.
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