A implosão a prazo
A administração Bush transmitiu ontem mais um capítulo da novela “Lucros para Alguns, Riscos para Todos” ao aprovar a encoberta nacionalização de metade do mercado hipotecário dos EUA, com o Tesouro a assumir o controlo das mega corporações Fannie Mae e Freddie Mac.
As empresas titulares e/ou fiadoras de títulos hipotecários, no valor de USD 5,4 milhões de biliões/trilhões (mibi/tri), estão falidos.
A decisão de Washington foi apoiada pelos partidos Republicano e Democrata, pelos respectivos candidatos presidenciais - John McCain e Barack Obama - e pela generalidade da comunidade financeira, sob um coro de protestos e críticas de muitos analistas e investidores, liderados pelo bilionário Warren Buffett.
Burocratas, políticos e os economistas que apoiam a medida usam o substantivo ”conservatorship [curadoria]” para evitar o desagradável termo “insolvency [insolvência]”.
De facto, Fannie Mae e Freddie Mac passaram a ter o estatuto de empresas intervencionadas pelo Estado. Os “curadores” mais não são do que “administradores da massa falida”, nomeados pelo governo, após o despedimento dos responsáveis pelo maior falhanço financeiro desde a Grande Depressão.
A medida não deixa margens para dúvidas: as empresas intervencionadas não dispõem de capital suficiente para liquidar compromissos. Acertadamente os detentores de acções ordinárias vão perder os seus investimentos em benefício, erradamente, dos detentores de acções preferenciais - bancos centrais, bancos comerciais, fundos de investimento, etc.
Ao arrepio da lógica da economia de mercado, mais uma vez, os reguladores fazem batota.
Os contribuintes, como sempre, pagarão em prestações, nos próximos anos, qualquer coisa como USD 280 mil milhões/bilhões.
Os lucros são privados.
os prejuízos passam a ser públicos, penalizando a grande maoria que nunca quais correr riscos especulativos.
Este é o custo oficial (estimado) da intervenção.
Porém, os cálculos são enganadores.
Os decisores assumem como garantido que, durante o período da intervenção - cujo prazo está no segredo dos deuses - acontecerá o seguinte: o mercado imobiliário vai sair da zona de turbulência, o valor dos activos sofrerá uma reavalição positiva e a depressão, que desde há um ano e meio afecta o sector, terminará com uma aterragem forçada mas suave. Wishful thinking.
A crise Fannie Mae/Freddie Mac é sistémica.
A crise Fannie Mae/Freddie Mac é sistémica.
Não afecta apenas o mercado imobiliário americano (USD 12 mibi/tri) mas toda a economia e os mercados globais da dívida.
Neste momento, tem um impacto directo sobre os seus activos combinados - USD 1,7 mibi/tri - mas afectará, inevitavelmente, o grosso da dívida conjunta que é 13 (treze) vezes superior à que atirou recentemente o banco Bear Stearns para a morgue financeira americana.
[Desde Agosto de 2007, a capitalização bolsista das duas empresas agora intervencionadas teve uma quebra de 90%. A emissão de novas acções preferenciais pelo governo vai liquidar quaisquer esperanças dos detentores de acções ordinárias para recuperar o investimento.
Mas, esse foi o risco pelo qual foram remunerados até à implosão…]
A intervenção está a ser executada sem a necessária transparência - desconhece-se a verdadeira dimensão do buraco, o real volume de hipotecas vencidas e vincendas e as respectivas maturidades (de 2008 a 2013), como e com quanto vão ser reembolsados os investidores “preferenciais”.
Ninguém sabe quanto esta nacionalização dos prejuízos hipotecários custará aos cofres públicos.
É certa, até ao final do ano, a deterioração dos fundamentais da economia americana e global.
As bombas-relógio continuam a fazer tic-tac: as dívidas federais americanas somam qualquer coisa como USD 50/65 mibi/tri e os instrumentos derivativos de crédito estadunidenses, não regulados pelo sistema, ascendem a USD 185 mibi/tri.
“Uma lei básica de economia é que não existem almoços grátis. O governo e os que se regalaram com uma festa sumptuosa nos mercados financeiros estão agora a pedir aos contribuintes para que paguem uma parte do desastre. Simplesmente, devemos dizer - Não.”
A frase foi publicada hoje, pelo Financial Times, no artigo de opinião assinado por Josef Stiglitz, Prémio Nobel da economia, em 2001.
PVC
PVC
MRA
Por aqui o BCE vai fazendo o mesmo, na Espanha , na Irlanda.
Por cá aguarda-se depois da manobra BCP o que esconderá a CGD.
O lixo está espalhado e os economistas diziam que nada existia lembram-se dos insultos a dizer-nos que não percebíamos de nada?
Entraetanto o bloco central morre com a morte do PSD e digo que o melhor será cremar, para não se espalhar o chorume.
O PS é um cadáver adiado. O PCP é uma Albânia apenas com tradução em algumas câmaras onde o nepotismo do partido impera através dos empregos públicos e das empresas municipais, o BE uma moda de meninos bem.´Sabem de uma coisa?
Afianl não é assim tão mau, a D Manuela e o Sr Silva são úteis para enterrar este chorume do cadáver deste regime.
Boa Nôte.
1 Comments:
O que devia ter sido feito.
Por isso os partidos republicano e democrata são mais do mesmo, é uma vergonha.
A USURA e a fuga e exploração do povo americano e das repercussões mundiais
Há meses uma parte da entrevista com um Homem escelente e sério: William Greider:
WILLIAM GREIDER: I think it's bad. I mean, I think the way they're doing it is terrible. It's not done in the public interest. The bailout is necessary. They are failing at the bailout. And I believe they're failing because they haven't gone far enough.
They need to start thinking of, okay, how do we save the folks? That is, the broad interests of the American people as a nation, as workers, as family, blah, blah, blah. And the way to deal with Fannie Mae and Freddie Mac and some others like it is to nationalize them. Make them agencies of the federal government. That's what they were originally. And they performed for many years a really valuable service to housing markets.
They sort of re-circulated the capital and the mortgages and so forth. Make them a sub-agency of government. Let the shareholders of Fannie Mae and the rest eat their losses. They were playing risk taker shareholders. Let them suffer the consequences of their wrong bets. And go back to a more normal configuration.
Not a casino. No private shareholders. Look, the bailout of Fannie Mae that they're proposing says, somewhat generously I think, we'll put $300 billion on the table to buy the shares of stockholders in Fannie Mae and Freddie Mac. And just us saying that should give them a lot of confidence. Well, yeah, wouldn't it if you've just had the federal government promise to buy your shares if you don't want to hold them anymore.
BILL MOYERS: Maybe that's why all the foreign investors rushed in yesterday to buy Fannie Mae and Freddie Mac-
WILLIAM GREIDER: It might have some connection, yes.
BILL MOYERS: -if they know the taxpayers are going to put the money in, they've got a pretty good-
WILLIAM GREIDER: They've got what you might call a no-lose proposition. And the other part of that, and this would be simple. You could pass this in three days. Restore the federal law against usury. That won't have too many details to it at first. But it'll be a general statement that the federal government is prohibiting the kind of outrageous predatory practices, which have become general in this country, of not just banks but other financial firms.
BILL MOYERS: Credit card companies and-
WILLIAM GREIDER: Credit card - yeah, it's a long list. We know those abuses.
BILL MOYERS: Put some limits, some boundaries?
WILLIAM GREIDER: Well, eventually you have to draw very precise boundaries, I think, and restore some structure that says, okay, you can get a return of X on credit cards, but you can't get a return of triple X, right? And that kind of regulation. And that's not easy to draw. It takes a while.
But the first law that would just reassure the public, we're against usury. Muslims are against it. Christians are against it. Jews are against it. And we're going to develop a government laws that prohibited and penalized these institutions when they get caught doing it.
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