sexta-feira, outubro 10, 2008

Para o que era apenas desconhecimento e que a bolsa não era um casino...

Escassas duas semanas após a aprovação do programa de salvação do sector financeiro, o défice orçamental promete explodir para USD 2 milhões de biliões/trilhões (mibi/tri) e agravar os fundamentais da economia americana, exacerbando os perigos de uma recessão global.
A agência Bloomberg noticiou hoje: “A salvação da AIG/American International Group, Fannie Mae e Freddie Mac deverá ser mais cara do que se esperava inicialmente. Os Estados estão a pedir ajuda fiscal a Washington. A Reserva Federal (Fed) disse esta semana que vai começar a comprar papel comercial (…) agravando os custos. Analistas dizem agora que o plano aprovado, na semana passada, pelo Congresso para salvar os bancos, no valor de USD 700 mm/bi, deverá ser bem maior.”
A Bloomberg adianta que o défice orçamental de 2009 “deverá rondar USD 2 mibi/tri” - ou seja 12,5% do PIB norte-americano - “o dobro do recorde de 6% registado em 1983″.
Os números foram compilados por David Greenlaw, economista do banco Morgan Stanley.
“Há duas semanas, analistas orçamentais diziam que as medidas poderiam empurrar o défice para qualquer coisa como USD 1,5 mibi/tri”, escreve a agência. Greenlaw prevê níveis maiores de endividamento do Estado e a subida das taxas de juro.
“O Tesouro vai aumentar drasticamente o abastecimento de dinheiro nos próximos meses para assumir as gigantescas obrigações orçamentais (…) O aumento das taxas é inevitável.” O mercado já começa a dar sinais destas dinâmicas com a subida dos Títulos do Tesouro. “Os pagamentos que o governo alocou para manter a solvência sde empresas vitais já começam a revelar-se insuficientes”, escreve a agência.
A nacionalizada seguradora AIG já informou que, para além da intervenção estatal de USD 85 mm/bi, aprovada em meados de Setembro, vai necessitar de mais USD 37,8 mm/bi através de uma nova linha disponibilizada pelo Fed de Nova Iorque.
A situação financeira e os resultados da Fannie Mae e Freddie Mac, intervencionadas desde Setembro, pioraram nos dois últimos trimestres, devido à continuação da queda dos preços imobiliários. “Isto significa que o governo deverá ter que gastar mais para asegurar a solvência das empresas”, escreve a Bloomberg.
A espiral do endividamento não pára.
Os estados da Califórnia, Alabama e Massachusetts solicitaram ao Tesouro e ao Fed que incluam obrigações estaduais e municipais nos pacotes da salvamento financeiro para bancos e empresas. Este mercado, avaliado em USD 2,66 mibi/tri, está congelado desde a falência do banco Lehman Brothers.
A California diz que precisa de papel comercial no montante de USD 7 mm/bi para manter em funcionamento um conjunto de serviços públicos - escolas, hospitais, entre outros.
O secretário do Tesouro, Henry Paulson, anunciou na quarta-feira ser sua intenção comprar posições num alargado conjunto de bancos para apoiar a sua recapitalização.
Edmund Phelps, laureado com o Prémio Nobel da Economia, em 2006 e professor da Universidade de Columbia, defendeu o processo de recapitalização em entrevista à Bloomberg. “Precisamos recapitalizar os bancos. (…)
Acho que não há recursos suficientes no primeiro Plano Paulson capazes de satisfazer tais necessidades.”
A agência conclui: “O endividamento adicional poderá colocar a dívida pública bem para além de 70% PIB, o valor mais alto desde o fim da II Guerra Mundial, quando o país einda estava a pagar as dívidas do conflito.”
Em ano de eleições, governantes e legisladores estão a atirar a economia americana para um buraco de onde será difícil sair, como escrevemos no passado dia 2.
MRA Dep. Data Mining

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