terça-feira, outubro 28, 2008

Retenção

"A ministra da Educação ficou “perplexa” com a percentagem de retenções de crianças no 2.º ano de escolaridade pelo que preconizou “medidas mais eficazes” para o problema.

Sugiro já uma: recomendar, primeiro, e depois proibir as retenções. Sem retenções não há crianças retidas, mesmo que não saibam juntar o “b a bá”.

Para grandes males grandes remédios e Portugal não pode ficar “retido” à espera que as crianças aprendam a ler, escrever e contar. Desde que teve um ministro da Educação que conjugava o pretérito perfeito do verbo intervir dizendo “ele interviu”, Portugal deveria ter acabado de vez com as retenções, pois não é justo uma criança ficar retida quando nada nem ninguém retém os erros gramaticais de alguém que chega a ministro da Educação. De maneira que acabe-se agora e já com o sistema das retenções e daqui por uns anos não haverá crianças “retencidas”, como dirão os doutores dessa época.

Portugal tem vindo a resolver muitos problemas por esse caminho absolutamente inovador. Por exemplo, clamam agora os jornais que, desde 2005, não são publicados dados sobre a violência policial. E sem dados acabou-se a violência policial, que era uma coisa que até 2005 envergonhava Portugal todos os anos. Da mesma forma pode acabar-se rapidamente com a violência doméstica, a violência nas escolas, o trabalho infantil, o desemprego, a pobreza. Em tempos houve um governador de Guanabara que diminuiu drasticamente a pobreza mandando esquadrões da morte chacinar os sem-abrigo durante a noite. Não é preciso tanto. Basta exterminá-los nos mapas administrativos.

Portugal devia registar rapidamente a patente e exportar a inovação para países menos criativos. Era uma contribuição positiva para fazer da Terra um mundo melhor: sem guerras, sem miséria, sem doenças, sem estatísticas
."

João Paulo Guerra

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