Um buraco sem fundo

"A descida moderada dos preços dos combustíveis e a baixa abrupta dos juros, que começará a ter efeito no orçamento das famílias a partir do próximo mês, são as únicas boas notícias económicas dos tempos que correm. Tragicamente, as más notícias dominam. Ontem o INE divulgou novos dados que apontam sinais de deterioração em Setembro e em Outubro. Os anúncios de encerramento e paragem de actividade de empresas, de aumento do desemprego indiciam que Novembro será ainda pior. É esse o problema desta crise: ainda não se sabe quando bate no fundo. Até as previsões mais pessimistas têm sido ultrapassadas.

O incumprimento de crédito desmoronou todas as Bolsas mundiais. A crise financeira destruiu gigantes da Banca e o choque financeiro já contaminou a economia real. Agora, Washington prepara um plano de resgate para salvar Detroit (capital da indústria automóvel). Na Europa os construtores de veículos pedem igual ajuda pública. E a Banca, onde começou este dominó, ainda vai sofrer mais. Em Portugal, além do caso de polícia do BPN, pode haver mais vítimas. O BPP, uma espécie de boutique financeira de ricos, pode ser vendido, por causa da elevada exposição ao mercado de capitais. Mas um relatório ontem divulgado aponta para mais instituições frágeis."

Armando Esteves Pereira