O fim do "happy end"
"O mundo do "happy end" acabou. As elites, nas últimas décadas, pensaram que tudo, na política, na economia, nas finanças, acabava como num filme de Hollywood. Estamos todos a compreender o significado da palavra crise. Em Portugal, como nas sociedades festivas, só agora, depois de o mundo estar em depressão, é que descobrimos que fazemos parte dele. Tem a ver com a elite que se criou no país desde, digamos, D. João II. Portugal, de alguma maneira, parece um quadro do "Fausto" de Goethe.
Aquele em que Mefistófeles, que se fazia passar por Bobo da Corte, sugeriu ao rei de um país em dificuldades financeiras que emitisse papel moeda que garantisse ao portador uma parte de um grande tesouro que ele garantiria que estava enterrado num local próximo. Fausto, para mostrar a veracidade do tesouro, distribui jóias e peças de ouro e os habitantes voltaram à sua alegre vida: passaram então a usar o papel moeda que representava um tesouro inexistente para beber e jogar. Poucos leram Goethe, e por isso não perceberam que a história regressa como farsa. E, em Portugal, ainda há quem julgue viver numa festa sem fim.
Os americanos foram os primeiros a perceber na pele o que era a crise. Os europeus, os asiáticos e os árabes atiraram dinheiro para cima deles e os americanos atiraram-no para uma "bolha" imobiliária. O dinheiro perdeu-se lá e o outro feito à medida do rei de "Fausto" revelou-se uma ilusão consumista. Hollywood pode começar a fazer filmes com fim diferente. Os "never ending dreams" acabaram."
Fernando Sobral
Aquele em que Mefistófeles, que se fazia passar por Bobo da Corte, sugeriu ao rei de um país em dificuldades financeiras que emitisse papel moeda que garantisse ao portador uma parte de um grande tesouro que ele garantiria que estava enterrado num local próximo. Fausto, para mostrar a veracidade do tesouro, distribui jóias e peças de ouro e os habitantes voltaram à sua alegre vida: passaram então a usar o papel moeda que representava um tesouro inexistente para beber e jogar. Poucos leram Goethe, e por isso não perceberam que a história regressa como farsa. E, em Portugal, ainda há quem julgue viver numa festa sem fim.
Os americanos foram os primeiros a perceber na pele o que era a crise. Os europeus, os asiáticos e os árabes atiraram dinheiro para cima deles e os americanos atiraram-no para uma "bolha" imobiliária. O dinheiro perdeu-se lá e o outro feito à medida do rei de "Fausto" revelou-se uma ilusão consumista. Hollywood pode começar a fazer filmes com fim diferente. Os "never ending dreams" acabaram."
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