O 'x' do problema e o 'x' do cromossoma
"Até agora, as listas eleitorais promoviam, por omissão, a igualdade de género. Os candidatos eram escolhidos segundo critérios triviais: a notoriedade pública, a influência nas "bases", o compadrio, a "cunha", o trabalho em prol do partido, os favores prestados a A ou a B (C é ingrato), etc. A masculinidade e a feminilidade não vinham ao caso, e se as listas apresentavam um enorme desequilíbrio em favor dos machos da espécie, o facto devia-se a circunstâncias fortuitas, ou à constatação de que existe mesmo uma peculiar, e superior, sensibilidade feminina perante a política: as senhoras têm bom gosto e mais o que fazer.
Aprovada em 2006, a Lei da Paridade obriga a encher com mulheres um terço dos lugares disponíveis. Além de discriminatória, a dita lei foi obviamente concebida por misóginos a fim de enxovalhar o sexo oposto. Sucede que oposto não é sinónimo de estúpido, donde as senhoras que já desprezavam a política quando nesta se ascendia independentemente do género terão dobradas razões para a desprezar agora. Por outras palavras, nenhuma sujeita de inteligência e dignidade medianas aceitará servir de pechisbeque a estratégias oportunistas e vexatórias.
Que sujeitas aceitarão? Francamente, não sei. De acordo com o DN, parece que alguns partidos, em apuros para recrutar donzelas, também não sabem. Percebo-os. Entre os poucos exemplares femininos que hoje se sentam na Assembleia da República sem se distinguirem particularmente do padrão masculino, já é frequente encontrar ex-secretárias de autarcas ou familiares de caciques com nítidas dificuldades em assinar o próprio nome. O que haverá abaixo disto? Assim de repente, ex-secretárias ou familiares de caciques que assinam o próprio nome com um "x".
De futuro, se bem ensinadas, talvez as analfabetas do "x" aprendam a comportar-se devidamente no Parlamento, ou seja, a levantar-se ou a sentar-se no momento de votar as normas que nos regem. O PS e o Bloco estão optimistas e acham a mudança benéfica para a democracia. Com certeza, no sentido de que qualquer um pode realmente chegar a deputado, embora o sentido de "qualquer um", ou "qualquer uma" (peço perdão), escusasse de ser tão literal."
Alberto Gonçalves
Aprovada em 2006, a Lei da Paridade obriga a encher com mulheres um terço dos lugares disponíveis. Além de discriminatória, a dita lei foi obviamente concebida por misóginos a fim de enxovalhar o sexo oposto. Sucede que oposto não é sinónimo de estúpido, donde as senhoras que já desprezavam a política quando nesta se ascendia independentemente do género terão dobradas razões para a desprezar agora. Por outras palavras, nenhuma sujeita de inteligência e dignidade medianas aceitará servir de pechisbeque a estratégias oportunistas e vexatórias.
Que sujeitas aceitarão? Francamente, não sei. De acordo com o DN, parece que alguns partidos, em apuros para recrutar donzelas, também não sabem. Percebo-os. Entre os poucos exemplares femininos que hoje se sentam na Assembleia da República sem se distinguirem particularmente do padrão masculino, já é frequente encontrar ex-secretárias de autarcas ou familiares de caciques com nítidas dificuldades em assinar o próprio nome. O que haverá abaixo disto? Assim de repente, ex-secretárias ou familiares de caciques que assinam o próprio nome com um "x".
De futuro, se bem ensinadas, talvez as analfabetas do "x" aprendam a comportar-se devidamente no Parlamento, ou seja, a levantar-se ou a sentar-se no momento de votar as normas que nos regem. O PS e o Bloco estão optimistas e acham a mudança benéfica para a democracia. Com certeza, no sentido de que qualquer um pode realmente chegar a deputado, embora o sentido de "qualquer um", ou "qualquer uma" (peço perdão), escusasse de ser tão literal."
Alberto Gonçalves
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