A entrevista do A entrevista do sr. eng. (II)
"Já sabemos: da crise internacional à novela do Freeport, tudo o que de negativo acontece ao sr. eng. é, na insuspeita opinião do sr. eng., culpa de campanhas negras, forças ocultas, inveja, mau-olhado, encostos, "serviços", etc. Menos dele. O sr. eng. lembra aqueles treinadores da bola que explicam os maus resultados com conspirações na sombra, e que dão conferências de imprensa a declarar que "o Rio Ave está a incomodar muita gente", ainda que, fora da sombra, o Rio Ave jogue francamente mal.
Lamento a referência ao clube em causa, puramente fortuita, e a comparação futebolística, que nem sequer é obrigatória. O estilo "vítima acossada" também se encontra hoje com facilidade nos consumidores que acusam os bancos pelas letrinhas dos contratos de crédito que não se deram ao trabalho de ler, nos bancos que recorrem ao Estado para cobrir loucuras próprias, nos sindicatos que responsabilizam a globalização pelas empresas que afundaram à custa da rigidez laboral e, na versão clássica, no delinquente que atribui ao alcoolismo paterno a origem da sua perdição, etc. É, de facto, um estilo vulgar.
Infelizmente, demasiado vulgar para um chefe de Governo, cargo que pede, se não for maçada, mais deveres e menos direitos, ou mais distância e menos autocomiseração. Como sugeriu Helena Matos (por diferentes palavras), um primeiro-ministro não é, ou não deveria ser, o típico participante do programa da Oprah, lavado em queixumes e afundado num caldo de complexos de inferioridade e arrogância. O sr. eng. raramente emite uma frase que não envolva a sua pessoa, cuja importância ele imagina justificar as perseguições de que se diz alvo. Um pormenor: não justifica. Se é certo que o sr. eng. está a incomodar muita gente, também é certo que, à semelhança do que sucede no futebol, a grande maioria dos incomodados são os espectadores. E, dada a goleada que se adivinha, "incómodo" é eufemismo."
Alberto Gonçalves
Lamento a referência ao clube em causa, puramente fortuita, e a comparação futebolística, que nem sequer é obrigatória. O estilo "vítima acossada" também se encontra hoje com facilidade nos consumidores que acusam os bancos pelas letrinhas dos contratos de crédito que não se deram ao trabalho de ler, nos bancos que recorrem ao Estado para cobrir loucuras próprias, nos sindicatos que responsabilizam a globalização pelas empresas que afundaram à custa da rigidez laboral e, na versão clássica, no delinquente que atribui ao alcoolismo paterno a origem da sua perdição, etc. É, de facto, um estilo vulgar.
Infelizmente, demasiado vulgar para um chefe de Governo, cargo que pede, se não for maçada, mais deveres e menos direitos, ou mais distância e menos autocomiseração. Como sugeriu Helena Matos (por diferentes palavras), um primeiro-ministro não é, ou não deveria ser, o típico participante do programa da Oprah, lavado em queixumes e afundado num caldo de complexos de inferioridade e arrogância. O sr. eng. raramente emite uma frase que não envolva a sua pessoa, cuja importância ele imagina justificar as perseguições de que se diz alvo. Um pormenor: não justifica. Se é certo que o sr. eng. está a incomodar muita gente, também é certo que, à semelhança do que sucede no futebol, a grande maioria dos incomodados são os espectadores. E, dada a goleada que se adivinha, "incómodo" é eufemismo."
Alberto Gonçalves
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