A Grande Loja Regular de Portugal
"Em prol, cito, do melhor relacionamento com os cidadãos, as funcionárias da Loja do Cidadão de Faro, que o eng. Sócrates considerou "a mais avançada do país", foram proibidas de envergar: saias curtas, decotes, saltos altos, roupa interior escura, gangas e perfumes agressivos.
É questão de gosto. Por mim, dispenso as gangas. Os perfumes, especialmente se "agressivos", também. Mas julgo que o resto da indumentária interdita faria maravilhas pelo relacionamento entre a administração pública e os cidadãos, sobretudo quando as lojas destes não cumprem a rapidez que a propaganda anuncia e obrigam os desgraçados a passar horas em pé para requisitar um papel que lhes será entregue meses depois. Embora dependendo de quem estivesse dentro deles, os decotes e as saias reduzidas sempre seriam uma compensação para a parcela masculina do povo em fila.
Na avançada Loja de Faro, pelo menos, não haverá compensação, nem o perigo de a roupa arrojada despertar os instintos bestiais do macho algarvio: além da espera, os clientes do estaminé terão de suportar a contemplação de funcionárias com o "glamour" de uma excursão de catequistas. Segundo consta, a decisão coube à dona Maria Pulquéria Lúcio, curiosamente vogal da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), uma das dezoito mil instituições estatais que servem a população e, principalmente, a parte da população nelas empregada.
Por curiosidade, consultei o currículo da dona Pulquéria e verifiquei que, antes da tal AMA, a senhora passou pelo PRACE, pelo CRIP, pelo SIAFE, pelo IIAE e pelo BDAP. Não serviu de muito. Sob o entulho "progressista" dos acrónimos, sobreviveu a Pulquéria proverbial, cujo nome é todo um programa e, de brinde, uma metáfora do país oficial e uma lição. Pode-se cobrir Portugal de siglas, Simplex, banda larga, Magalhães, SMS, cruzamento de dados, cartões quinze em um, chips nos cartões, nas matrículas e nas cabeças: mal se remove o verniz "funcional" do "futuro", o mofo do passado, seminarista e mandão, mostra a sua cara. Quem nos quer mudar não muda e, desculpem a rima, Santa Pulquéria não ajuda."
Alberto Gonçalves
É questão de gosto. Por mim, dispenso as gangas. Os perfumes, especialmente se "agressivos", também. Mas julgo que o resto da indumentária interdita faria maravilhas pelo relacionamento entre a administração pública e os cidadãos, sobretudo quando as lojas destes não cumprem a rapidez que a propaganda anuncia e obrigam os desgraçados a passar horas em pé para requisitar um papel que lhes será entregue meses depois. Embora dependendo de quem estivesse dentro deles, os decotes e as saias reduzidas sempre seriam uma compensação para a parcela masculina do povo em fila.
Na avançada Loja de Faro, pelo menos, não haverá compensação, nem o perigo de a roupa arrojada despertar os instintos bestiais do macho algarvio: além da espera, os clientes do estaminé terão de suportar a contemplação de funcionárias com o "glamour" de uma excursão de catequistas. Segundo consta, a decisão coube à dona Maria Pulquéria Lúcio, curiosamente vogal da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), uma das dezoito mil instituições estatais que servem a população e, principalmente, a parte da população nelas empregada.
Por curiosidade, consultei o currículo da dona Pulquéria e verifiquei que, antes da tal AMA, a senhora passou pelo PRACE, pelo CRIP, pelo SIAFE, pelo IIAE e pelo BDAP. Não serviu de muito. Sob o entulho "progressista" dos acrónimos, sobreviveu a Pulquéria proverbial, cujo nome é todo um programa e, de brinde, uma metáfora do país oficial e uma lição. Pode-se cobrir Portugal de siglas, Simplex, banda larga, Magalhães, SMS, cruzamento de dados, cartões quinze em um, chips nos cartões, nas matrículas e nas cabeças: mal se remove o verniz "funcional" do "futuro", o mofo do passado, seminarista e mandão, mostra a sua cara. Quem nos quer mudar não muda e, desculpem a rima, Santa Pulquéria não ajuda."
Alberto Gonçalves
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