Pinho, o optimista
"Sempre se soube que Manuel Pinho é o mais optimista dos ministros deste Governo. Onde alguns vêem nuvens, ele vê o sol. Onde outros descortinam o Inferno, ele vislumbra o Paraíso. Há ministros que são o retrato fiel deste país: vivem num mundo que não existe. E por isso podem ser tão militantemente optimistas. É o caso de Manuel Pinho. O seu simpático optimismo, no entanto, choca frontalmente com a realidade. Manuel Pinho é o Willy Wonka da Fábrica de Chocolates que julga ser a economia portuguesa. Só que, neste caso, os chocolates derretem-se, sem proveito para ninguém. As sucessivas declarações de Pinho sobre o futuro da Qimonda eram um tiramisu inexistente. A Qimonda era uma das maiores exportadoras nacionais. Mas era, também, uma das maiores importadoras. O seu valor acrescentado para o país eram os salários de 2000 trabalhadores, apoiados indirectamente pelos estímulos do Estado. O resultado deste absurdo, aclamado como um "modelo de investimento externo" é uma tragédia: a destruição de 2000 postos de trabalho e de um tecido social urbano. O optimismo de Manuel Pinho deveria, desde o início, ter sido temperado pela crueza dos factos: se este é o modelo de desenvolvimento ideal, no qual o Estado injecta centenas de milhões de euros, o melhor é emigrarmos todos para a Patagónia. A Fábrica de Chocolates dos Willy Wonka nacionais rebentou nas mãos do Estado. Vila do Conde tornou-se uma pequena Bangalore nacional: acrescenta salários ao produto final. Como tragédia, não é nada optimista."
Fernando Sobral
Fernando Sobral
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