sexta-feira, maio 08, 2009

Financiamento partidário, corrupção e maus exemplos.

"Os últimos meses foram férteis em análises que referem uma deterioração do ambiente político em Portugal. As sondagens parecem confirmar esta crise (de valores), numa democracia que tem apenas 35 anos mas que já fala em "salvadores".

Ninguém sabe bem como dar a volta ao problema: aproximar os eleitos dos eleitores, mudando a lei eleitoral? Talvez. Criar mais incompatibilidades entre funções públicas (v.g. deputados) e privadas? É duvidoso. Aumentar os salários dos políticos? Talvez. Combater eficazmente a corrupção? Seguramente.

Este último ponto é fundamental. Porque se há sector onde as várias correntes de opinião (entre as quais, a opinião pública) mais se intersectam, é aqui. O problema é que a classe política tem as prioridades trocadas. Senão veja-se: numa semana o Governo penaliza o enriquecimento ilícito, tributando a 60% o património de um contribuinte quando este excede em 100 mil euros o rendimento declarado ao Fisco; duas semanas depois, os partidos acordam (com um voto contra e uma abstenção) uma revisão da lei de financiamento partidário. Objectivo: duplicar a parcela de financiamento privado, permitindo que as receitas em dinheiro vivo passem de 22,5 mil para... 1,257 milhões de euros! Tudo isto a um mês das Europeias e a quatro das Legislativas e Autárquicas, levantando suspeitas quanto aos dinheiros que vão circular por baixo da mesa. Ora aí está um bom exemplo de bloco central (de interesses)... alargado
."

Camilo Lourenço

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