quarta-feira, maio 20, 2009

A nova, velha gripe...


Até à data, todas as pandemias foram provocadas por shift antigénico (mudanças no antigénio de superfície), que permite o hospedeiro reconhecer ou não o vírus e assim se defender (ou não, se não tiver memória para produzir resposta eficaz) do vírus da gripe do tipo A.
Ou seja, se a pessoa tiver sido vacinada, (não confundir vacina com medicamento antiviral), ou se esteve em contacto com uma estirpe com semelhanças antigénicas, na sua “memória” em termos de imunidade, nas suas várias formas, incluso herdada (tema polémico), poderá ter gripe com um quadro menos grave ou não ter a doença pura e simplesmente.
Pode acontecer também que uma pessoa possa ter estado em contacto com o vírus e adquirido imunidade sem no entanto ter tido manifestações da doença.
As pandemias podem provocar aumentos acentuados na morbilidade e na mortalidade, geralmente superiores aos verificados nos períodos interpandémicos.

No século passado, ocorreram 3 importantes pandemias de gripe: a "espanhola", a "asiática" e a "de Hong-Kong".

Em 1918-19 H1N1 (HswN1), chamada de Gripe espanhola, 1957-58, Gripe asiática H2N2, Gripe de Hong-kong H3-N2, todas elas tiveram cursos severos, a mais grave foi a de 1918.
Em 1977-78 a Gripe russa foi provocada por uma estirpe de H1N1, também foi uma pandemia.
O H1 N1 provocou outras pandemias em 1933 e em 1946.

A "gripe espanhola" de 1918-1919 originou a taxa de mortalidade mais elevada alguma vez associada à gripe.
Devido a esta doença, morreram cerca de 500 000 pessoas só nos Estados Unidos.
No mundo inteiro, durante esta pandemia, a gripe foi a causadora de 20 milhões de mortes, os números variam muito.
A "gripe asiática", de 1957-1958, provocou 86 000 mortes nos Estados Unidos.
A "gripe de Hong-Kong", de 1968-1969, originou um menor número de mortes do que as pandemias anteriores.
Durante este período morreram 34 000 pessoas vítimas da gripe nos Estados Unidos.
Esta reduzida taxa de mortalidade foi atribuída a dois factores: em primeiro lugar, as estirpes das gripes "de Hong-Kong" e "asiática" tinham semelhanças genéticas (a imunidade desenvolvida na população contra a estirpe "asiática" pode ter conferido alguma protecção contra a estirpe "da gripe de Hong-Kong"); em segundo lugar, pensa-se que uma estirpe de gripe semelhante à do vírus da "de Hong-Kong" poderá ter circulado entre os finais do século XIX e os primeiros anos do século XX, havendo ainda algumas pessoas com mais de 60 anos de idade com imunidade residual ou herdada.
A gripe de 1918 erradamente chamada de espanhola, teve um curso que evoluiu em 3 surtos.
O primeiro provocava uma gripe sem complicações, no entanto ao que parece produziu imunidade em relação aos que a tiveram, segundo muitos autores.
A 2ª vaga foi a mais mortífera, com o vírus com uma capacidade de replicação enorme, (a Pneumónica), assim chamada em Portugal pelo Dr Ricardo Jorge, devido à sua forma de apresentação, atingindo essencialmente a população mais jovem e com o sistema imunitário mais maduro e logo mais agressivo, provocava, por vezes em 24 horas, a destruição das células do epitélio respiratório, morrendo o doente em insuficiência respiratória fulminante, “afogado” nas próprias secreções hemorrágicas.
A gripe actual, tem seguido um curso de certa forma indolente mas progressivo, havendo informações contraditórias, até mesmo, emanadas da OMS ou do CDC. Os casos japoneses não estão explicados se se tratar do mesmo vírus.
As notícias iniciais do surto foram elas próprias contraditórias e até caricatas, não fora a gravidade da situação, a começar pela designação de suína ou mexicana. A responsabilidade vai direitinha para a OMS e para a CDC, é intolerável o que se passou.
As dúvidas serão, atendendo ao genoma do vírus, uma verdadeira quimera, mas com traços epidemiológicos semelhantes ao da Senhora Española, se o shift, se irá dar em meados de Setembro /Outubro, ou se irá ficar por aqui.
Outra hipótese preocupante é a dificuldade de cultivar o vírus actual no meio habitual, o que o torna de facto um vírus “diferente”, esperamos que esta hipótese não seja verdadeira.
Espera-se também que como é habitual a OMS ceda o material para a estirpe esperada para este ano, para o fabrico da vacina que deverá estar disponível em Outubro, até agora não me lembro de ter visto informação sobre esta situação.

4 Comments:

Anonymous jr said...

Mais que os media (que realmente parece cada vez mais que comandam o mundo), acho que aqui fizeram-se valer todos os valores das teorias de conspiração, que tanto adoram os americanos. Assim acho que os grandes impulsionadores foram sem duvida a industria farmaceutica, mais uma vez a espalhar o medo do desconhecido. Já não se via assim um alarmismo tão eficaz, desde a ameaça da guerra biológica com Antrax e afins por parte do Iraque

quarta-feira, maio 20, 2009  
Anonymous jpg said...

Quem vá lendo com atenção as notícias que saem sobre a gripe suína, e vá cotejando os factos com situações anteriores de outras contaminações, conclui facilmente que por muito grande que seja a preocupação das entidades políticas e sanitárias com a propagação de doenças, maior é a inquietação quanto ao andamento dos negócios.

O fenómeno é global e foi assim que a gripe suína até mudou de nome, para não prejudicar os negociantes de carne de porco. Quanto aos portugueses estarão entendidos na matéria, desde que viram um ministro a tragar miolos de bovino em plena crise das vacas loucas. Das vacas aos porcos, passando pelos frangos, reina a calma em todo o País. Embora, lá fora, o coração dos responsáveis balance entre dois negócios, o dos porcos e o das vacinas e máscaras.

Com efeito, um outro negócio se perfila com a actual ameaça de pandemia. Um dia destes, num jornal da manhã, um economista previa que a gripe vá beneficiar muitas empresas do sector da saúde, salvando-as de uma outra pandemia, a da crise. A começar, naturalmente, pelo Tamiflu e pela empresa do senhor Rumsfeld, mas seguindo pelo mais prosaico ramo das máscaras. O conflito dos interesses entre os negócios da carne de porco e os dos medicamentos está a causa atritos entre a FAO e a OMS, agências das Nações Unidas para a Agricultura e para a Saúde. Mais que em redor da alimentação ou da saúde, as Nações estão Unidas em torno do dinheiro.

Por cada notícia que dá conta de algum refluxo da doença, há três ou quatro que falam de novo vírus ou nova estirpe, de novas rota de contágio. Mas em Portugal não é caso para alarme. A contento de todos, consuma-se porco à vontade que os armazenistas de medicamentos já reforçaram os ‘stocks'.

quarta-feira, maio 20, 2009  
Anonymous Anónimo said...

Não se preocupem os mais receosos pois o H1N1 não se transmite de porcos para porcos... oinc oinc, por isso o tuga pode continuar a rumar para a terra da Tequilla para depois regressar e passar o resto do mês a queixar-se da crise e dos preços das tarifas aéreas que estão pela hora da morte !

quarta-feira, maio 20, 2009  
Anonymous Anónimo said...

Horowitz no Youtube

http://www.youtube.com:80/watch?v=0K2LdGUca9w

sexta-feira, maio 22, 2009  

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